Criadores de equinos e veterinários vivem um episódio dramático nos últimos meses, e um dos casos veio à tona recentemente. Um surto de intoxicação causado por rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda já resultou na morte de 645 cavalos em seis estados brasileiros. Segundo especialistas, este é considerado um dos maiores desastres da nutrição animal no país.
Um levantamento obtido pelo portal Correio contabilizou 645 mortes de animais em ao menos seis estados brasileiros. São eles: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia e Alagoas. A Bahia é um dos estados com mais registros (40), atrás de São Paulo (286), Rio de Janeiro (113), Goiás (74), Minas Gerais (67) e Alagoas (64).
Um dos casos que mais chamou a atenção foi a morte de um cavalo avaliado em R$ 2 milhões, vítima da intoxicação nutricional causada pela ingestão das rações contaminadas. O animal, da raça Mangalarga Marchador, morreu em um centro de treinamento em Indaiatuba, interior de São Paulo.
Início
As primeiras mortes de cavalos começaram a ser registradas no final de abril, mas foi entre os meses de maio e junho de 2025 que os casos se multiplicaram de forma alarmante, configurando um verdadeiro surto.
No centro da crise está a chácara Dia de Sol, localizada na zona rural de Guarulhos (SP), onde nove cavalos morreram após consumirem a ração da linha Foragge Horse, fabricada pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda.
Os animais apresentaram sintomas devastadores: agressividade súbita, desorientação, alterações no sono, dificuldade de locomoção e comportamentos semelhantes à demência.
Determinação e recolhimento do Mapa
No último dia 17 de junho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) determinou o recolhimento, em todo o território nacional, de todos os produtos destinados a equídeos fabricados pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. A medida abrange itens com data de fabricação a partir de 21 de novembro de 2024 e foi adotada após a ocorrência de mortes de cavalos em diferentes regiões do país.
Posicionamento da Nutratta
A Nutratta, sediada em Itumbiara (GO), divulgou uma nota lamentando profundamente as mortes dos cavalos e afirmando que está colaborando com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na apuração dos fatos. Segundo a empresa, análises laboratoriais preliminares identificaram a presença de monocrotalina — substância produzida naturalmente por plantas do gênero Crotalaria, uma leguminosa amplamente utilizada na adubação verde.
Ainda de acordo com a Nutratta, essa toxina pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal usadas em diferentes cadeias agroindustriais. A empresa classificou o ocorrido como uma fatalidade.
Veja a nota:
A Nutratta lamenta profundamente os relatos de intoxicação e óbitos de animais associados ao Produto Foragge Horse, da linha de nutrição animal equina, e reforça que está colaborando integralmente com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para elucidar os fatos, inclusive recebendo os técnicos do Mapa em sua planta, fornecendo todos os documentos e informações técnicas solicitadas.
Embora as investigações do Ministério da Agricultura e Pecuária ainda estejam em curso, foi divulgada nota técnica no sentido de que as análises laboratoriais preliminares indicaram a presença da substância monocrotalina, que é produzida pela própria natureza, por plantas do gênero Crotalaria – uma leguminosa que é muito utilizada em adubação verde -, e que pode estar presente em matérias-primas de origem vegetal utilizadas em diferentes cadeias agroindustriais, tratando-se, pois, de uma fatalidade, caso isso venha a ser confirmado.
Assim, diante da situação excepcional, a Nutratta já adotou medidas adicionais de autocontrole. Entre essas ações estão o reforço das análises laboratoriais, revisão dos protocolos de qualificação de fornecedores e rastreabilidade das matérias-primas vegetais, revisão completa dos processos sanitários internos e reestruturação do layout fabril.
Por fim, a Nutratta destaca que vem adotando todas as providências cabíveis para mitigar os efeitos da situação, incluindo suporte técnico aos clientes, rastreamento dos lotes envolvidos e revisão de seus processos internos. Ressalta-se que não há, até o momento, conclusão definitiva quanto a eventual nexo de causalidade entre os casos relatados e os produtos da empresa, e que a empresa conseguiu uma liminar na Justiça Federal para restabelecer seu funcionamento quanto à atividade de produção e comércio dos produtos não destinados a equinos.
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Com informações: Compre Rural, Correio e G1
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