A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, abriu sua participação na COP30, em Belém, destacando um marco histórico: esta é a edição com o maior número de indígenas já registrados em uma Conferência do Clima. A conquista, segundo ela, foi resultado de uma mobilização articulada entre o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e diversas organizações indígenas do país.
Guajajara detalhou que cerca de 400 indígenas foram credenciados na Zona Azul, área oficial das negociações internacionais, enquanto 3 mil ficaram alojados na Aldeia COP, estrutura especialmente planejada para garantir acolhimento digno e participação efetiva.
Formação e Diplomacia Indígena
Durante sua fala, a ministra ressaltou a atuação direta dos povos indígenas nas salas de negociação da COP30, onde estiveram dialogando com diplomatas e apresentando propostas construídas coletivamente ao longo do ano.
Ela destacou o projeto Contari Katu, expressão que significa “aquele que fala bem”, como parte essencial desse processo. O programa formou 32 líderes indígenas, agora reconhecidos como diplomatas indígenas, preparados para representar suas comunidades em espaços globais de decisão.
Mobilização de Abril a Outubro
Sonia Guajajara explicou que o processo de mobilização nacional se estendeu de abril a outubro, envolvendo lideranças de todas as regiões do Brasil. Durante esse período, foram definidos os temas prioritários e as representações credenciadas para integrar oficialmente as discussões da Zona Azul, reforçando a organização política e estratégica do movimento indígena.
Territórios e Justiça Climática
A ministra também pontuou que esta COP marcou um avanço inédito na inclusão das pautas indígenas dentro do debate global sobre a crise climática. O principal foco foi o reconhecimento e a proteção dos territórios tradicionais, defendidos como instrumentos de mitigação e conservação mais eficazes frente às mudanças climáticas.
Segundo Guajajara, o presidente Lula reforçou esse compromisso durante a reunião de líderes, pedindo que a proteção dos territórios indígenas seja incorporada nas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas) de todos os países signatários do Acordo de Paris.
Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF)
Em sua fala, Sonia Guajajara comemorou o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), mecanismo brasileiro criado para financiar a conservação ambiental com participação direta do MPI em sua construção.
O fundo assegurou um investimento inicial de 1,5 bilhão de dólares, com a garantia de que ao menos 20% dos recursos serão repassados diretamente aos povos e organizações indígenas. A ministra classificou o resultado como “um importante avanço para seguir protegendo os territórios e fortalecendo a autonomia indígena”.
Símbolo de Representatividade e União
A presença de Sonia Guajajara na COP30 consolidou o papel do Ministério dos Povos Indígenas como protagonista nas negociações climáticas e simbolizou um novo capítulo na diplomacia ambiental brasileira.
A ministra encerrou sua agenda com uma marcha simbólica entre a Zona Verde e a Zona Azul, acompanhada por 15 mulheres indígenas de diferentes nacionalidades, reafirmando o protagonismo feminino e a união dos povos originários na luta por justiça climática e direitos territoriais.
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