Socos, gelo e aplausos: por que as brigas no hóquei no gelo são permitidas - Estado do Pará Online

Socos, gelo e aplausos: por que as brigas no hóquei no gelo são permitidas

Confrontos como o que envolveu Ryan Reaves e Matt Rempe, na NHL, seguem uma tradição centenária e fazem parte da cultura do esporte no Canadá e nos Estados Unidos.

Jason Szenes / NY POST

Um dos momentos mais aguardados por parte do público em partidas de hóquei no gelo não vem de um gol ou defesa espetacular. Às vezes, o que faz a arena vibrar é uma troca de socos. Foi o que aconteceu no duelo entre San Jose Sharks e New York Rangers, quando Ryan Reaves e Matt Rempe decidiram resolver no braço o que começou em empurrões.

Jason Szenes / NY POST

A cena, longe de ser uma anomalia, é quase um ritual do esporte. A torcida grita, os árbitros observam de perto e só interferem quando alguém vai ao chão ou os rivais se agarram sem troca de socos. Em vez de expulsão, a punição é uma passagem de cinco minutos no banco de penalidade, tempo suficiente para esfriar os ânimos, reacender o público e, quem sabe, fazer alguns curativos.

Mas por que um esporte tão organizado permite esse tipo de confronto? A resposta está na própria origem do hóquei. No século 19, quando a modalidade ainda dava os primeiros passos no Canadá, não havia uma estrutura rígida de regras. Em comunidades onde o esporte floresceu, brigas eram vistas como parte natural da disputa, uma forma de impor respeito em jogos duros e violentos.

Com o passar das décadas, a liga profissional da América do Norte, a NHL, decidiu não proibir as lutas, mas enquadrá-las. Primeiro veio a chamada “regra 56”, que previa a punição de cinco minutos para quem participasse de brigas. Mais tarde, ela evoluiu para a atual regra 46, que define limites e orienta os árbitros sobre quando intervir.

Essas diretrizes transformaram as confusões em um espetáculo controlado. Só é permitido o duelo direto entre dois jogadores, sem o uso do taco e com interrupção imediata caso um deles caia ou perca a condição de se defender. Mesmo com as restrições, o público mantém o fascínio: muitos turistas que assistem a jogos da NHL vão justamente em busca desse componente de adrenalina.

Jason Szenes / NY POST

Embora o hóquei seja o menos popular entre os grandes esportes dos Estados Unidos, ficando atrás do futebol americano, beisebol e basquete, a intensidade e a imprevisibilidade das brigas ajudam a manter viva uma tradição que atravessa gerações. No gelo, onde tudo escorrega, a pancadaria é, curiosamente, o momento mais firme do jogo.

Confira o vídeo:

Leia Mais: