Servidores da Funtelpa cobram valorização e expõem salários abaixo do mínimo

Campanha #PCCRdaFuntelpaJá pressiona direção da autarquia e o governo do Pará por justiça aos trabalhadores da comunicação pública no Pará. Miro Sanova, presidente da autarquia vem disputando eleições, sofrendo derrotas e não consegue cumprir os acordos com os sindicatos de jornalistas e radialistas

Funtelpa Miro Sanova
O presidente da FUNTELPA, Miro Sanova não consegue cumprir o acordo com sindicatos de servidores da instituição. Indicado pelo senador Beto Faro, Miro vem disputando eleições sem conseguir ser eleito.

O Movimento Funtelpa Forte organizado por servidores públicos estaduais da FUNTEPLA, vem reivindicando melhorias salarais e a efetivação do PCCR, alegando que mais da metade dos funcionários recebe menos de um salário mínimo de salário-base, cenário que segundo eles contrasta com a relevância dos serviços prestados por profissionais com décadas de atuação.

A FUNTELPA fica, mas a luta continua

Após verem o governo estadual recuar no projeto que tentava extinguir a Funtelpa, os trabalhadores agora lutam pela aprovação do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR). Com o lema #PCCRdaFuntelpaJá, os trabalhadores da autarquia cobram justiça histórica, valorização profissional e reconhecimento institucional à altura do papel cultural que desempenham no Pará.

O radialista e apresentador Edgar Augusto e a jornalista Lourdinha Bezerra gravaram vídeo dando voz ao Movimento Funtelpa Forte. Assista:

Acordo por remuneração na Funtelpa: sindicatos e presidência não avançaram nas negociações do PCCR

As discussões em torno do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR) da Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa) têm sido um ponto central nas pautas de valorização dos servidores, com o presidente da autarquia, Miro Sanova, dialogando ativamente com o Sindicato dos Jornalistas do Pará (SINJOR-PA) e o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Radiodifusão e Televisão do Estado do Pará (STERT). O objetivo é garantir melhores condições remuneratórias e de trabalho para os profissionais da comunicação pública no estado.

 Sindicatos de Radialistas e Jornalistas formam o Movimento Funtelpa Forte e se uniram à luta de todos os servidores do Governo do Estado na luta por reajuste salarial, reajuste do vale-alimentação e equiparação do salário mínimo.

As negociações do PCCR da Funtelpa são um pleito antigo dos trabalhadores, que já dura cerca de cinco anos. Em abril de 2023, o SINJOR-PA entregou uma proposta de PCCR aos gestores da fundação, que incluía um estudo de impacto financeiro. Na ocasião, Miro Sanova, que assumiu a presidência da Funtelpa em abril de 2023, comprometeu-se a estudar o documento e defendê-lo junto à Secretaria de Planejamento e Administração (Seplad) e à Procuradoria Geral do Estado (PGE).

Desde então, o processo tem sido marcado por mobilizações e reuniões. Os sindicatos têm pressionado pela tramitação do projeto de lei que visa criar o PCCR, buscando uma progressão salarial para os servidores, que em muitos casos recebem salários considerados defasados, com alguns abaixo do salário mínimo ou com remuneração líquida inferior a R$1 mil, e com uma média salarial de R$2.609,19, uma das mais baixas da administração paraense.

Em abril de 2024, o SINJOR-PA e o STERT protocolaram um ofício solicitando o encaminhamento formal do projeto de lei do PCCR para análise da Seplad e PGE, etapa essencial para a apreciação da viabilidade orçamentária e jurídica da proposta. Após essa fase, o documento deverá retornar para a comissão do PCCR da Funtelpa para ajustes finais, antes de ser submetido à Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa).

Paralelamente às discussões do PCCR, os sindicatos também têm negociado o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) para os anos de 2025/2027. Em abril de 2025, os trabalhadores da Funtelpa aprovaram o ACT, que busca a valorização dos profissionais e a melhoria das condições de trabalho, incluindo a possibilidade da volta do quinquênio.

Presidente volta à FUNTELPA após segunda derrota eleitoral

Waldemiro Eduardo de Assis Sanova Nascimento, o Miro Sanova é o presidente da instituição e tem uma carreira marcada pela atuação em Ananindeua e no parlamento paraense. Publicitário e formado em Direito e Comunicação Social, Miro iniciou sua vida pública como vereador, eleito em 2008 e reeleito em 2012 pelo PDT.

A gestão de Miro Sanova estava sendo avaliada como um período de diálogo aberto com os sindicatos, buscando superar problemas históricos da Funtelpa, como a falta de concursos públicos e a desvalorização do quadro de servidores. A luta pelo PCCR e por melhores remunerações reflete o desejo de uma Funtelpa mais forte e valorizada, que reconheça o papel fundamental de seus profissionais na comunicação pública do estado. A expectativa era que o trabalho conjunto entre a presidência da Funtelpa e as entidades sindicais resultasse em conquistas concretas para os servidores, transformando a realidade da fundação, mas isso não ocorreu.

Miro também foi secretário municipal de Cultura durante a gestão de Helder Barbalho (MDB). Em 2014, conquistou uma vaga na Assembleia Legislativa do Pará e foi reeleito em 2018, ampliando sua votação.

Em 2022, tentou migrar para a Câmara Federal, sem sucesso, e, em 2024, concorreu à prefeitura de Ananindeua pelo PT, mas obteve apenas 4,28% dos votos.

Mesmo fora dos mandatos, Miro Sanova (PT) segue no radar político enquanto a cena paraense vive uma efervescência provocada por servidores da Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa), que denunciam a precarização do trabalho na comunicação pública e acusam o presidente da instituição, de só pensar em suas campanhas eleitorais, usando a estrutura do órgão público para receber possíveis apoiadores e articular sua carreira política, o que conta com a “vista grossa” de parte dos sindicalistas que evitam cobrar dele, mas sim do governador, as melhorias que a categoria reivindica. Reflexo disso são as assembleias de trabalhadores convocadas pelos sindicatos dos jornalistas e radialistas, todas esvaziadas, não ultrapassando dez participantes, conforme informado à nossa redação.

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