Semana do Quadrinho Nacional no Pará fortalece intercâmbio cultural com Circuito Amazônico de Quadrinhos

O Circuito Amazônico de Quadrinhos conecta eventos do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Tocantins, criando um calendário rotativo e facilitando a circulação de artistas e público entre os estados.

A 11ª edição da Semana do Quadrinho Nacional no Pará integrou, pela primeira vez, o Circuito Amazônico de Quadrinhos, iniciativa que reúne eventos independentes da região Norte em uma programação colaborativa. Com apoio da Fundação Cultural do Pará (FCP), o evento promoveu debates, oficinas e feiras gratuitas, reforçando a divulgação da produção local e incentivando a troca entre artistas de diferentes regiões do país.

Realizada na Biblioteca Pública Arthur Vianna e no Curro Velho, a Semana reuniu cerca de 40 expositores — número limitado pelo espaço disponível, embora a procura tenha registrado 80 inscrições. Desde 2015, o evento tem se consolidado como um dos principais espaços de fomento aos quadrinhos na região.

“Enquanto as grandes feiras do Sul são mais comerciais, aqui o foco é a troca — de ideias, técnicas e visões de mundo”, destacou Jorge Ramos, produtor da FCP e um dos organizadores. Ele enfatizou o papel da Fundação como articuladora entre os estados do Norte e Nordeste, conectando a produção local ao cenário nacional.

O apoio da FCP foi essencial para viabilizar a integração da Semana do Quadrinho ao Circuito Amazônico, segundo a editora de quadrinhos e produtora cultural Samela Hidalgo. “Com esse respaldo, conseguimos trazer artistas de outras regiões, proporcionando um intercâmbio que valoriza nossa cultura e desmistifica a visão estereotipada da Amazônia”, afirmou.

O Circuito Amazônico de Quadrinhos conecta eventos do Pará, Amazonas, Amapá, Roraima e Tocantins, criando um calendário rotativo e facilitando a circulação de artistas e público entre os estados. “A comunicação unificada e a programação coordenada trazem uma visibilidade inédita para nossa produção”, explicou a quadrinista Tai, também organizadora do Circuito.

A Semana também abriu espaço para novos talentos. Aos 22 anos, o artista Lucas Rhossard, que tem Transtorno do Espectro Autista, participou pela primeira vez como expositor. “É emocionante ver as pessoas conhecendo meu trabalho. Este evento cria um ambiente acolhedor para quem está começando”, disse.

Para Andrei Miralha, coordenador de Oficinas do Curro Velho, a articulação regional fortalece as narrativas amazônicas e ajuda a superar rivalidades históricas entre capitais como Belém e Manaus. “Estamos construindo uma identidade amazônida mais forte entre os quadrinistas do Norte”, ressaltou.

Ao apoiar iniciativas como a Semana do Quadrinho Nacional e o Circuito Amazônico de Quadrinhos, a Fundação Cultural do Pará reforça o protagonismo da produção artística local e amplia a presença da Amazônia no cenário nacional de cultura e artes gráficas.

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