Saneamento precário no Norte impulsiona doenças e internações; Pará tem maior taxa da região - Estado do Pará Online

Saneamento precário no Norte impulsiona doenças e internações; Pará tem maior taxa da região

Segundo o estudo, a Região Norte teve 14,5 internações a cada dez mil habitantes por doenças de transmissão feco-oral, o dobro da taxa nacional

Arquivo/Fernando Frazão

O Brasil registrou mais de 344 mil internações por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado em 2024, e a Região Norte figura entre as mais afetadas por doenças de transmissão feco-oral, como gastroenterites virais e bacterianas. No Pará, a situação é alarmante: foram aproximadamente 19 mil internações, o maior número absoluto da região.

Os dados são do Instituto Trata Brasil, divulgados nesta quarta-feira (19), antecipando o Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março. Segundo o estudo, a Região Norte teve 14,5 internações a cada dez mil habitantes por doenças de transmissão feco-oral, o dobro da taxa nacional. O Pará registrou a maior taxa da região, com 18,2 casos por dez mil habitantes, superando estados como Amapá (24,6) e Rondônia (22,2).

Falta de saneamento e doenças

A correlação entre a ausência de infraestrutura de saneamento e a incidência de doenças é evidente. No Norte, onde o acesso a água tratada e à coleta de esgoto ainda é deficitário, as doenças feco-orais foram responsáveis por 27,2 mil das 35,4 mil internações registradas. O acúmulo de lixo também favorece a proliferação de vetores, contribuindo para surtos de doenças transmitidas por insetos, como a dengue.

O estudo destaca que populações de menor status socioeconômico são as mais vulneráveis. Em 2024, 64,8% das internações foram de pessoas pretas ou pardas, e a incidência entre indígenas foi de 27,4 casos por dez mil habitantes, quatro vezes maior que a média nacional.

Além dos impactos na saúde pública, a precariedade do saneamento também gera prejuízos financeiros. A pesquisa estima que a melhoria da infraestrutura poderia reduzir em 70% as internações no país, resultando em uma economia de R$ 43,9 milhões anuais.

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