Resíduos da mineração viram solução contra poluição nos rios da Amazônia - Estado do Pará Online

Resíduos da mineração viram solução contra poluição nos rios da Amazônia

Pesquisadores da UFPA criam materiais capazes de remover até 100% de poluentes como cromo, manganês e corantes industriais da água

Alexandre de Moraes / UFPA

Não é novidade para ninguém que a mineração é uma das maiores pressões sobre a Amazônia. Segundo dados do MapBiomas, mais de 70% das áreas mineradas do Brasil em 2020 estavam no bioma, deixando como rastro toneladas de rejeitos que acabam contaminando rios e comunidades.

Uma equipe da Universidade Federal do Pará (UFPA) decidiu enfrentar esse problema transformando os próprios resíduos da atividade em aliados na despoluição da água.

O estudo coordenado pelo professor Dorsan Moraes, do Instituto de Geociências, revelou que rejeitos da mineração de manganês e resíduos de vermiculita podem ser convertidos em materiais de baixo custo com alto poder de adsorção.

Em testes de laboratório, os compostos sintetizados removeram até 99% do corante azul de metileno e alcançaram taxas de 97% e 100% na eliminação de cromo e manganês, respectivamente.

Para Moraes, a proposta alia dois objetivos urgentes: reduzir a contaminação dos rios e encontrar destino sustentável para os rejeitos acumulados.

“Com o aumento da mineração no estado do Pará, há, consequentemente, o aumento da disposição de resíduos (…). Criando novos processos de redução da poluição, surgem alternativas de mais baixo custo, de forma a manter os rios saudáveis”, afirmou o pesquisador.

A descoberta é relevante não apenas pelo impacto ambiental positivo, mas também pelo menor custo de produção em comparação a métodos tradicionais de despoluição, como peneiras moleculares e adsorvedores comerciais.

Os cientistas destacam ainda que a aplicação na saída das águas de despejo das mineradoras pode evitar que o problema chegue aos cursos d’água.

O projeto, que envolveu professores e estudantes de diferentes áreas, foi publicado na Revista REM – International Engineering Journal em agosto. A próxima etapa prevê testar outros materiais disponíveis na região amazônica e buscar parcerias com empresas do setor para viabilizar o uso em escala industrial.

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