Não é novidade para ninguém que a mineração é uma das maiores pressões sobre a Amazônia. Segundo dados do MapBiomas, mais de 70% das áreas mineradas do Brasil em 2020 estavam no bioma, deixando como rastro toneladas de rejeitos que acabam contaminando rios e comunidades.
Uma equipe da Universidade Federal do Pará (UFPA) decidiu enfrentar esse problema transformando os próprios resíduos da atividade em aliados na despoluição da água.
O estudo coordenado pelo professor Dorsan Moraes, do Instituto de Geociências, revelou que rejeitos da mineração de manganês e resíduos de vermiculita podem ser convertidos em materiais de baixo custo com alto poder de adsorção.
Em testes de laboratório, os compostos sintetizados removeram até 99% do corante azul de metileno e alcançaram taxas de 97% e 100% na eliminação de cromo e manganês, respectivamente.
Para Moraes, a proposta alia dois objetivos urgentes: reduzir a contaminação dos rios e encontrar destino sustentável para os rejeitos acumulados.
“Com o aumento da mineração no estado do Pará, há, consequentemente, o aumento da disposição de resíduos (…). Criando novos processos de redução da poluição, surgem alternativas de mais baixo custo, de forma a manter os rios saudáveis”, afirmou o pesquisador.
A descoberta é relevante não apenas pelo impacto ambiental positivo, mas também pelo menor custo de produção em comparação a métodos tradicionais de despoluição, como peneiras moleculares e adsorvedores comerciais.
Os cientistas destacam ainda que a aplicação na saída das águas de despejo das mineradoras pode evitar que o problema chegue aos cursos d’água.
O projeto, que envolveu professores e estudantes de diferentes áreas, foi publicado na Revista REM – International Engineering Journal em agosto. A próxima etapa prevê testar outros materiais disponíveis na região amazônica e buscar parcerias com empresas do setor para viabilizar o uso em escala industrial.
Deixe um comentário