Quilombolas ocupam prefeitura de Acará em protesto por melhorias na educação

Entre as principais queixas estão o desabamento de escolas, falta de professores, ausência de banheiros adequados e a manutenção de salas multisseriadas.

Reprodução. A Escola Municipal 21 de Abril fica instalada em uma casa cedida por moradores

Comunidades quilombolas do Alto Acará ocupam, desde a manhã de terça-feira (27), a sede da prefeitura do município para reivindicar melhorias na infraestrutura das escolas da região. Segundo os manifestantes, um termo de compromisso foi assinado junto ao Ministério Público do Pará (MPPA) para garantir reformas e adequações nas unidades de ensino, mas não foi cumprido pela gestão municipal.

Entre as principais queixas estão o desabamento de escolas, falta de professores, ausência de banheiros adequados e a manutenção de salas multisseriadas. Além disso, moradores relatam que, em algumas comunidades, as próprias famílias precisaram construir escolas com recursos próprios para que os estudantes tivessem acesso ao ensino médio da rede estadual. Um dos exemplos citados é a Escola Municipal 21 de Abril, localizada no Rio Miritipitanga, instalada em uma casa cedida pela própria comunidade para que a prefeitura pudesse oferecer as aulas.

A mobilização recebeu apoio de lideranças indígenas, como Lidiane Borari, da Terra Indígena Maró, em Santarém. Ela destacou a necessidade de uma educação que considere a realidade das comunidades quilombolas. “Estive na Seduc com os parentes quilombolas e apoio a luta deles por uma educação diferenciada e pela construção de uma escola adequada às necessidades da comunidade”, afirmou.

Os manifestantes também denunciam que as comunidades sofrem com o isolamento do poder público e enfrentam desafios relacionados à presença de empresas multinacionais que atuam na região. Até o momento, a prefeitura de Acará não se pronunciou sobre o protesto.

Principal liderança indígena à frente da ocupação da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc) no início de janeiro, Dadá Borari enviou uma mensagem de apoio aos quilombolas que ocupam a prefeitura de Acará. Ele afirmou que, caso o prefeito da cidade, Pedrinho da Balsa (MDB) não atenda às reivindicações dos povos, integrantes da Terra Indígena Maró poderão se unir à mobilização no município.

“Nós, da Terra Indígena Maró, viemos aqui expressar nosso total apoio e pedir o apoio da sociedade paraense à luta de nossos amigos, parentes e irmãos quilombolas, que ocuparam a prefeitura de Acará. Quero ressaltar que essa é uma luta justa, uma luta pelo bem de todos. É uma reivindicação por educação de qualidade, por uma estrutura adequada, para que nossos amigos quilombolas tenham salas de aula dignas para estudar. Manifestamos nossa solidariedade à luta de vocês, parentes. E, se o prefeito de Acará não resolver essa situação imediatamente, entrem em contato conosco. Escolheremos alguns guerreiros para se juntarem à luta de vocês”, disse.

Entramos em contato com a prefeitura de Acará e aguardamos um posicionamento.

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