Em meio à segunda semana da COP30, em Belém, nesta terça-feira (18), a sequência de quedas de árvores em bairros centrais e periféricos volta a expor a fragilidade da arborização urbana da capital. Segundo levantamentos da Semma divulgados em fevereiro deste ano, mais de dez árvores já haviam tombado desde o início de 2025, enquanto um mapeamento técnico identificou 27 árvores com risco iminente de queda e outras dezenas com necessidade urgente de intervenção.
Histórico de quedas e manutenção pendente
De acordo com estudos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Clima, o levantamento realizado em 14 bairros apontou 47 árvores que precisam de intervenção urgente, sendo 27 com risco iminente de queda e um total de 110 árvores classificadas para manutenção, incluindo poda e, em situações extremas, supressão. Os dados se somam ao histórico recente divulgado pela própria Semma, que registrou 48 quedas de árvores em 2023 e 46 em 2024, sobretudo mangueiras de grande porte em áreas adensadas da cidade.
As quedas têm sido associadas tanto ao envelhecimento de árvores centenárias quanto à falta de manutenção regular, em uma malha urbana marcada por calçadas impermeáveis, raízes comprimidas e intervenções em redes de energia e infraestrutura. Especialistas também relacionam o problema à intensificação de eventos climáticos, como chuvas mais intensas e rajadas de vento frequentes no período chuvoso amazônico.
Belém entre as capitais menos arborizadas
Os dados do Censo 2022 do IBGE indicam que apenas 44,6% das vias urbanas de Belém possuem ao menos uma árvore, percentual que coloca a capital paraense entre as cidades com menor arborização de vias públicas no país. Em levantamentos divulgados pela imprensa com base nesses dados, Belém aparece na parte final do ranking nacional, ao lado de capitais como Manaus, Rio Branco, São Luís e Salvador, que também registram baixos índices de cobertura arbórea nas ruas.
Enquanto isso, capitais como Campo Grande, Goiânia, Palmas e Cuiabá apresentam percentuais superiores a 70% de moradores vivendo em vias com presença de árvores, evidenciando um contraste entre cidades que investiram em arborização planejada e outras que mantêm grandes áreas urbanas expostas ao sol e às ilhas de calor. Em média, o índice brasileiro é de cerca de 66% de moradores em vias arborizadas, resultado ainda distante da realidade de Belém.
Centro sombreado, periferia exposta ao calor
Estudos sobre ilhas de calor em Belém mostram que a distribuição da vegetação é desigual no território municipal, com maior concentração de árvores em bairros centrais e antigos, próximos à Baía do Guajará, e menor presença de cobertura arbórea em áreas populares e periféricas. Em bairros densamente ocupados, como Guamá e outras áreas da zona de expansão urbana, a combinação de pouco verde, solo impermeabilizado e elevada circulação de veículos contribui para temperaturas mais altas e desconforto térmico.
Pesquisas recentes apontam que o aumento da arborização nas ruas pode reduzir significativamente a temperatura da superfície em áreas críticas da cidade, amenizando ilhas de calor e melhorando o conforto térmico dos moradores. Em paralelo às negociações globais da COP30 sobre clima e adaptação, a situação da arborização em Belém evidencia que decisões sobre o plantio, a manutenção e o manejo de árvores urbanas são parte central da agenda climática local e da qualidade de vida na capital.








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