PT libera coligação com o PL em municípios onde os candidatos não sejam bolsonaristas

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Crédito: Ricardo Stuckert / PR)

Depois de perder muito do poder que tinha com administração de importantes cidades brasileiras, sobretudo capitais, após um massacre midiático e judicial que tomou a Lava Jato como principal instrumento de desgaste da imagem do partido perante a sociedade, o que resultou no afastamento da presidente Dilma, em 2015, com um impeachment chamado de golpe, o PT agora age de forma pragmática e de olho em uma recuperação de sua base eleitoral nas eleições municipais de 2024.

Assim, de forma estratégica, o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores decidiu retirar o Partido Liberal, do qual o ex-presidente Jair Bolsonaro é filiado, da lista de partidos que o PT é proibido de fazer coligações.

Divulgada nesta quarta-feira (30), resolução do PT não cita o PL, limitando-se a proibir apoio a candidaturas identificadas com o bolsonarismo.

“É vedado apoio a candidatos e candidatas identificados com o projeto bolsonarista”, diz o documento submetido à votação no diretório petista, tendo sido aprovada por 29 votos contra 27. Teve como base um texto apresentado pela corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), tendência majoritária integrada por Lula.

A esse texto-base, tinha sido apresentada uma emenda que proibia expressamente aliança com o partido de Bolsonaro.

“É vedado apoio a candidatos e candidatas identificados com o projeto bolsonarista. Igualmente é vedado o apoio ou recebimento de apoio por parte do partido ao qual Bolsonaro é filiado”, dizia a emenda rejeitada.

“Se o candidato a prefeito declarar que estará conosco em 2026, mesmo estando no PL, é permitido [aliar-se]”, disse o Secretário de comunicação do PT, o deputado federal Jilmar Tatto (SP) que afirmou não haver um impeditivo em relação ao PL, apenas ao projeto bolsonarista.

A estratégia do PT é recuperar a força nas eleições municipais de 2024 para disputar as eleições gerais de 2026 em melhores condições e com Lula convencido de que se lançará à reeleição, algo que estava fora de cogitação, mas que já parece ter mudado após sua nova escalada ao planalto.

Lula está com 77 anos e já disse que tem energia de 30 e tesão de 20.

E O PT NO PARÁ, COMO ANDA?

No Pará, o PT já chegou a governar 22 municípios e hoje só tem uma prefeitura sob seu comando.

Em Belém, o PT ainda não decidiu se terá candidatura própria nas eleições do ano que vem, ou se apoiará a reeleição de Edmilson Rodrigues (PSOL), eleito em 2022 com apoio do partido que indicou Edilson Moura como vice-prefeito na coligação que foi exitosa. Quatro anos antes, em 2018, o PSOL rejeitou se coligar com o PT para disputar a prefeitura de Belém, por conta das denúncias da Lava Jato e acabou derrotado com Jorge Panzera do PCdoB, como vice.

Em 2016, antes de Helder Barbalho (MDB) ser eleito governador do estado, um estudo elaborado pela cientista política e dirigente partidária do PT-PA, Karol Cavalcante identificou que o partido conseguiu eleger 6 prefeitos e 113 vereadores, em 68 municípios paraenses. Assim, o partido tinha representação institucional em 47% do Estado. “É um alcance significativo, considerando o ataque sofrido pelo PT nos últimos anos, em especial no período de consumação do golpe e assalto ao poder por parte de Temer, PMDB e PSDB”, concluiu a petista em uma entrevista.

Cabe lembrar que essa mesma dirigente do PT-PA sempre fez críticas ácidas e realistas pela aliança que o partido mantém com o MDB – que hoje governa o Pará e foi um dos principais responsáveis pela derrota eleitoral da ex-governadora Ana Júlia, quando esta disputou a reeleição.

“Há tempos que Karol comenta e explica a posição contrária que muitos militantes tem, dos ‘caciques’ que controlam o Diretório Estadual do PT no Pará, onde exerceu durante alguns anos o cargo de secretária-geral”, relatou à época o blog AS FALAS DA PÓLIS, em um momento que a petista denunciava o apoio do MDB ao governo Bolsonaro.

Direcionando sua fala aos dirigentes do PT paraense, ela disparou: “Se comportam como subserviente. É de partir a cara de vergonha. É mais que ser base de governo, querem ser capachos! É de chorar! Precisamos defender o petismo que pulsa em nós. O PT é maior que o autoritarismo mandatário”, disse Karol em 2019, um ano depois de Helder Barbalho ser eleito governador do Pará pela primeira vez e de ter o PT como partido de sua base em troca de uma secretaria estadual, a SEASTER e a promessa de apoiar os caciques do partido em suas pretensões futuras. Leia em Candidata a presidente do PT critica submissão do partido ao MDB

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