Pesquisadores da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) desenvolveram um software inédito capaz de identificar atrasos no desenvolvimento infantil em crianças da região amazônica. O projeto, chamado Sistema Inteligente para a Promoção do Desenvolvimento Infantil (SDIA), foi fomentado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) e executado pela Fundação Guamá.
A ferramenta, acessível por qualquer dispositivo conectado à internet, utiliza inteligência artificial baseada nos protocolos da Caderneta da Criança do SUS e nas diretrizes do Manual de Crescimento do Ministério da Saúde. A partir de perguntas e respostas, o sistema aponta se a criança está com o desenvolvimento em dia, em alerta ou em atraso.
Segundo o coordenador do projeto, professor Marcus Braga, o SDIA foi criado para auxiliar professores, cuidadores e profissionais das redes de apoio na detecção precoce de deficiências e atrasos. “Com a ajuda desse artefato tecnológico, é possível identificar crianças, ainda na primeira infância, que podem estar com seu desenvolvimento comprometido”, explica.

A iniciativa surgiu a partir de uma demanda do Governo do Estado do Pará, com base no Artigo 208 da Constituição Federal, que assegura suporte às crianças com algum tipo de deficiência. O sistema busca alcançar principalmente crianças em situação de vulnerabilidade, que muitas vezes não têm acesso a consultas médicas regulares.
Após dois anos de pesquisa, o projeto resultou em dois artigos científicos nacionais, um internacional, além de um software registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O aplicativo, ainda em fase de protótipo, pode ser acessado diretamente pelo navegador, sem necessidade de instalação.
Durante a fase de testes, o projeto contou com o apoio da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e capacitou 50 profissionais do Centro de Referência em Educação Infantil Orlando Bitar, em Belém. As professoras aplicaram o sistema em sala de aula, e os resultados foram disponibilizados imediatamente após as avaliações.
A solução já foi validada em conferências científicas internacionais e pode ser facilmente adaptada para uso em redes públicas de ensino e saúde. Em breve, o SDIA poderá ser utilizado também por pais e unidades de assistência social, permitindo um monitoramento mais amplo e preventivo.
“O Pará, no governo Helder e Hanna, tem se preocupado bastante com o desenvolvimento de nossas crianças e o cuidado especial que elas precisam ter. A Fapespa tem fomentado pesquisas que visam trazer respostas para vários desses desafios. E o SDIA é um desses projetos fantásticos, que hoje traz insights importantes para que possamos dar a atenção necessária às nossas crianças, especialmente nas escolas e creches”, destacou o presidente da Fapespa, Marcel Botelho.
Braga ressalta que o apoio da Fapespa foi fundamental para viabilizar a pesquisa. “Não se desenvolve ciência sem investimento e sem fomento. No Pará, a Fapespa tem sido o grande divisor de águas”, conclui o coordenador.
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