Governos estrangeiros têm manifestado preocupação ao Itamaraty sobre a infraestrutura de hospedagem e logística para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), marcada para novembro de 2025 em Belém. Segundo informações do Poder360, Alemanha, Reino Unido, Noruega, Dinamarca e China já procuraram representações diplomáticas brasileiras para cobrar soluções diante da falta de acomodações adequadas na capital paraense.
Telegramas enviados por embaixadas brasileiras ao Ministério das Relações Exteriores relatam receios crescentes entre os países participantes da cúpula. A embaixada do Brasil em Oslo, por exemplo, enviou ao Itamaraty uma reportagem local que destaca o aumento expressivo dos preços de hospedagem na cidade. De acordo com o embaixador da Noruega, o problema pode forçar uma redução na comitiva do país para o evento.
A preocupação com o número limitado de leitos em Belém não é nova. Estima-se que a COP30 reúna cerca de 60 mil pessoas, número que exige mais do que o dobro da atual capacidade hoteleira da cidade. Para enfrentar esse desafio, o governo federal contratou a empresa Bnetwork, responsável pela gestão de hospedagem em edições anteriores da COP, como em Dubai e Baku. A liberação da plataforma oficial, no entanto, depende da conclusão do inventário dos leitos disponíveis, que está sendo feito em parceria com o setor de turismo e autoridades locais.
A embaixada brasileira em Pequim também relatou que representantes do Ministério de Ecologia e Meio Ambiente da China encontram dificuldades para reservar hotéis, devido à baixa oferta e aos preços elevados. No Reino Unido, empresários informaram à embaixada do Brasil em Londres que podem desistir de participar da conferência se a situação não for resolvida. Entre eles, Nick Henry, CEO da Climate Action, afirmou que vários executivos cogitam cancelar a ida ao evento por falta de acomodação.
Outros relatos vieram da Dinamarca. Documentos obtidos pelo Estadão mostram que, em janeiro de 2025, a embaixadora Eva Pedersen classificou como “desafiador” o cenário logístico de Belém, somado aos impasses da COP29 em Baku, o que poderia comprometer o sucesso da conferência no Brasil.
O Poder360 procurou o Ministério das Relações Exteriores para comentar os relatos, mas até o momento da publicação, não obteve resposta.
Procuradas pelo jornal O Estado de S. Paulo, as embaixadas envolvidas adotaram diferentes posturas. A embaixada da Alemanha negou qualquer manifestação oficial de Eva Kracht, diretora-geral de política internacional do Ministério do Meio Ambiente, e declarou estar otimista com a conferência. A embaixada do Reino Unido demonstrou confiança na capacidade do Brasil em realizar um evento de impacto. Já a Dinamarca disse que não comenta questões logísticas e a China não se pronunciou.
A organização da COP30 afirma que o trabalho de estruturação da rede de hospedagem segue em curso e que os diálogos com o setor internacional estão sendo acompanhados pelas equipes do governo federal.
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