A Floresta Estadual (Flota) do Paru, no oeste do Pará, uma das maiores unidades de conservação de uso sustentável do mundo, encontra-se atualmente sob intensa atividade de garimpo ilegal. A região, que abriga árvores gigantes da Amazônia, incluindo um exemplar de angelim-vermelho com idade entre 400 e 600 anos, considerado a maior árvore da América Latina, está sendo explorada por mais de 2.000 garimpeiros em aproximadamente cem frentes de extração de ouro.
Segundo dados de órgãos governamentais e organizações ambientais envolvidos em um inquérito civil do Ministério Público Federal, a área também possui pelo menos 41 pistas de pouso clandestinas, utilizadas para viabilizar a logística dentro da unidade de conservação. Criada em 2006 para proteger uma extensão de 3,6 milhões de hectares, que inclui espécies endêmicas, a Flota do Paru está sob a responsabilidade do governo do Pará, através do Ideflor-Bio (Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará).
Surpreendentemente, desde a sua criação, a floresta estadual não foi fiscalizada para conter a atividade de garimpo. Em outubro de 2023, o Ideflor-Bio concedeu autorização para legalizar a mineração dentro da unidade de conservação, contrariando o próprio plano de manejo, que designou as áreas ocupadas por garimpos como zonas temporárias e provisórias a serem desocupadas.
O presidente do Ideflor-Bio, Nilton Pinto, assinou a liberação para mineração de ouro em outubro de 2023, beneficiando a empresa Mineração Carará LTDA, de propriedade do empresário Eduardo Ribeiro Carvalho Pini. Este empresário foi identificado pela investigação do Ministério Público Federal como dono de áreas de garimpos ilegais ativos na Flota do Paru. O licenciamento ambiental ainda aguarda análise da Semas (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade).
Relatórios de vistoria e imagens de satélite confirmam que a área solicitada para licenciamento já opera como garimpo ilegal ao lado de uma pista de decolagem. O Ideflor-Bio justifica a autorização, alegando que a Mineração Carará é autorizada pelo Ministério de Minas e Energia desde 1981 para atividades de pesquisa e lavra mineral de ouro na região de ocupação temporária, onde se encontram os garimpos. Eduardo Pini, figura central na pressão pelo garimpo na Flota do Paru, fundou uma associação de coletores de castanha em 2018, buscando influenciar alterações no plano de manejo para permitir o garimpo em áreas proibidas.
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