Operação tapa-buraco em estradas estaduais do Pará é criticada pela má qualidade e valor das obras

Secretário de Transportes, Adler Silveira, e governador Helder Barbalho.
Na foto, o Secretário de Transportes, Adler Silveira e o governador Helder Barbalho, ordenadores das obras que estão sendo criticadas pelo valor e qualidade.

DO PORTAL DEBATE CARAJÁS, DE MARABÁ (PA) — Nas regiões sul e sudeste do Pará, motoristas denunciam a má qualidade da operação tapa-buraco realizada pelo governo de Helder Barbalho (MDB) nas rodovias estaduais PA-150, PA-252 e PA-477. O asfalto colocado nos buracos tem se mostrado ineficiente, deteriorando-se em poucos dias e deixando os mesmos buracos expostos novamente.

Essa situação tem alimentado suspeitas de um esquema entre as empresas contratadas para executar as obras, que utilizam asfalto de baixa qualidade para finalizar os serviços rapidamente, com o objetivo de obter contratos de refazimento por valores até mais altos.

Um trecho da PA-150, compreendido entre os municípios de Nova Ipixuna e Jacundá, recebeu a operação tapa-buraco, assim como uma extensão de 13 km da PA-477. A licitação dos 13 km de asfalto da PA-477 foi vencida pela T.L. Construções e Comércio Ltda, no valor de R$ 17.843.831,84, porém o asfalto empregado na Operação tapa-buraco entre São Geraldo do Araguaia e Piçarra seria péssima qualidade.

Segundo informações obtidas de uma fonte segura que acompanha atentamente as informações disponibilizadas pelo Portal da Transparência, o Consórcio Tocantins, vencedor da licitação, concedeu apenas 6% de desconto para a execução das obras em diversas rodovias. Nas redes sociais, diversos motoristas postam vídeos, reclamando das atuais condições das pistas recentemente, nos últimos dias, e sugerem a existência de um suposto esquema de desvio de dinheiro público.

De acordo com o levantamento feito pelo Portal Debate, considerando todos os contratos, o governo Helder Barbalho já gastou mais de R$ 90 milhões em reparos nas rodovias estaduais da região de Carajás somente no ano de 2023. De acordo com os dados públicos, depois do início das obras, já foram adicionados aditivos de preço de cerca de 10 milhões de reais.

A utilização do Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ) foi adotada para os reparos, mas a qualidade do material utilizado está sendo questionada. Segundo a planilha orçamentária da Secretaria de Estado de Transportes (Setran), o custo estimado para cada remendo de buraco foi de mais de R$ 5 mil e foi feito pela T.L. Construções e Comércio Ltda.

Trecho da PA-150 recentemente recuperado – Foto: Reprodução.

Os gastos totais incluem R$ 2.738.025,10 para tapa-buraco em CBUQ, R$ 13.805.439,41 para remendo profundo com demolição mecânica, R$ 11.635.092,00 para base estabilizada com brita graduada, e o valor mais alto, R$ 39.279.619,63, destinado à capa de rolamento AC/BC em CBUQ.

A efetividade dos serviços prestados tem sido questionada, uma vez que os remendos no asfalto já se abriram novamente, causando transtornos aos motoristas que dependem dessas vias estaduais ainda mal conservadas, apesar dos milhões de reais investidos com recursos públicos. De acordo com as denúncias, existem irregularidades no asfalto de péssima qualidade na Malha Estradal Nº 5, localizada no entorno da cidade de Conceição do Araguaia, cuja licitação foi vencida pela T.L. Construções e Comércio Ltda, no valor de R$ 9.282.850,48.

Importância

A Rodovia PA-150 é mais importante via de integração mais importante entre Região de Carajás e a Região Metropolitana de Belém. Ela serve ainda para realização do escoamento da produção mineral e produtos do agronegócio ao Porto de Vila do Conde, na cidade de Barcarena. A PA-150 permite o acesso aos diversos municípios das regiões sudeste e sul do Pará.

Conhecida também como Rodovia Paulo Fonteles, ela começa no entroncamento da PA-475 com a PA-263 e passa pelos municípios de Goianésia do Pará, Jacundá, Nova Ipixuna e Marabá. No governo Helder Barbalho, a PA-150 foi abandonada e a situação de trafegabilidade da pista tem provocado atraso no escoamento da produção da Região de Carajás e causado dezenas de fatalidades.

O outro lado

Nossa equipe de reportagem buscou esclarecimentos por meio de contato com o Consórcio Tocantins via e-mail, porém, não obteve retorno até o momento. Além disso, tentamos contatar o secretário de Estado de Transportes, Adler Silveira, mas não recebemos resposta às mensagens nem atendimento às chamadas telefônicas. O Portal Debate se mantém aberto ao contraditório, caso os envolvidos nas denúncias queiram se manifestar.

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