A paralisação dos caçambeiros que atuam de forma terceirizada para a empresa BA Ambiental, contratada para fazer a coleta de 1,6 toneladas de lixo e enviar diariamente para o aterro de Marituba, coincidiu com o momento em que a capital paraense voltou a ter montanhas de lixo pelas esquinas, sobretudo da periferia, que foi convencida a votar e eleger pela terceira vez, Edmilson Rodrigues (PSOL) como prefeito, nas eleições de 2020.
Os caçambeiros protestaram nesta segunda-feira (24), em frente à empresa BA Ambiental, pela falta de pagamento do serviço realizado diariamente. Representantes da empresa dizem que a prefeitura deve e atrasou o pagamento de R$ 30 milhões. Consultada sobre esta dívida, a prefeitura de Belém, através da SESAN emitiu nota dizendo que já pagou a empresa e os donos das caçambas e a população é que sofre pela má prestação deste serviço público, caro e repleto de denúncias de corrupção e desvios, entre eles, de que o lixo é molhado antes de dar entrada no aterro sanitário, para ter seu peso aumentado e assim aferir um lucro maior para um esquema criminoso, entre outros que já estamos exaustos de denunciar.
Além disso, desde o início deste terceiro governo de Edmilson, Belém assiste a uma série de protestos e denúncias em relação à gestão da Secretaria Municipal de Saneamento, que tem como titular a petista Ivanise Gasparim, indicada e protegida do recém-eleito senador Beto Faro (PT).
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Na contramão dos discursos do PT e do PSOL, recheados de promessas históricas de defesa da classe trabalhadora, “em carta aberta”, a Associação dos Servidores da SESAN denunciou atos de perseguição por parte de Edmilson Rodrigues e de Ivanise Gasparim, contra quem lutava pelo reajuste salarial de R$ 869 para R$ 1.212 e de melhores condições de trabalho. Até trabalho análogo à escravidão, na limpeza de ruas e canais de Belém, já foi alvo de investigações por parte do Ministério Público.
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O APOIO POLÍTICO E A OMISSÃO DE HELDER
Como Helder Barbalho (MDB) foi o principal articulador da vitória no segundo turno das eleições de 2020 e mantém seu apoio a Edmilson, pouquíssimos são os políticos que criticam a gestão do prefeito, que segue contando com o silêncio e a omissão da maioria dos vereadores da capital, bem como da imprensa local e dos magistrados do Tribunal de Justiça do Pará, que deveriam estar empenhados na penalização dos que não se mobilizaram em buscar e apresentar uma solução definitiva para o lixo produzido na Região Metropolitana de Belém, onde residem e cerca de 2,5 milhões de habitantes, dos mais de 8.100 milhões de paraenses.
É que a maior parte da imprensa não noticia e com os grupos políticos do Pará estão dominados com a distribuição e cargos, dinheiro e regalias, o povo não é informado, mas em agosto de 2021, o governo do Estado foi obrigado a assinar um acordo na justiça estadual para ficar responsável de coordenar ações, estudos e reuniões com os municípios de Belém, Ananindeua e Marituba acerca de novas soluções de destinação final de resíduos sólidos urbanos. Passados dois anos, dos quatro em que Helder está no poder, praticamente nada foi feito. O poder judiciário, que deveria cobrar a execução do acordo, parece ter virado um lacaio dos poderosos de plantão.
A afirmação e denúncia de tamanha e vergonhosa omissão foi feita recentemente pelo procurador cível do Ministério Público do Pará, Waldir Macieira da Costa Filho, que alertou e cobrou que os prefeitos e o governador, assim como a empresa Guamá Resíduos Sólidos, que administra o aterro sanitário de Marituba, para que resolvam o problema e definam um novo local para o depósito e manuseio das 2,6 mil toneladas de resíduos sólidos gerados diariamente na Região Metropolitana de Belém.
O poder legislativo também foi omisso e os deputados estaduais que deveriam fiscalizar o governo estadual e defender a população paraense cruzaram os braços e só agora resolveram debater o assunto em uma Audiência Pública realizada no fim de Maio deste ano.
Na reunião, os deputados debateram junto com representantes das prefeituras, de universidades e cidadãos presentes e chegaram à conclusão óbvia: A necessidade de erradicação dos lixões existentes no Pará e a de instalação de aterros sanitários em todo os municípios do Estado, como prevê a Lei nº 12.305/2010 que determina a Política Nacional de Resíduos. No Pará, dos 144 municípios, somente três possuem aterros sanitários: Belém – em fim de operação – Altamira e Vitória do Xingu. Os demais não dispõem de tratamento de resíduos e efluentes e os depositam em lixões.
AMEAÇA DRÁSTICA
Em busca de lacrar eleitoralmente nas redes sociais e se posicionar como “Fiscal do Povo” perante a opinião pública, o vereador de Ananindeua, Zezinho Lima (PL) gravou vídeo dizendo que se fosse vereador de Belém iria coletar todo o lixo e jogá-lo em frente da casa do prefeito. Zezinho já declarou o interesse em disputar uma vaga na Câmara Municipal de Belém, nas eleições de 2024.
O LUCRATIVO LIXO E A NOVELA DA DESTINAÇÃO
Depois de centenas de protestos da população de Marituba e ações movidas pelo Ministério Público Estadual, e com a chegada ao fim de todos os prazos para a utilização do aterro sanitário, também chamado de “lixão de Marituba”, as prefeituras da Região Metropolitana de Belém ainda não disseram para onde será encaminhada as toneladas de lixos recolhidas das ruas e hospitais de Belém, Ananindeua e Marituba.
A prefeitura de Belém já tem um plano de privatização de toda a cadeia do lixo e a empresa engatilhada para lucrar por 30 anos em um contrato para recolher e dar destinação para o lixo da capital. Trata-se da Terraplena, famosa por bancar eleições e suas candidatos e depois aferir altos lucros com os contratos que celebra com as prefeituras. Isso sem falar das denúncias do dono da Terraplena, o empresário Berna Rezende é um corruptor, como afirmou o jornal O Liberal.
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A união dos governos que mantêm a fábula da “Belém das novas ideias” mostra de forma escancarada de que não estão no poder para favorecer os mais pobres, como prometeu a propaganda eleitoral de Edmilson, turbinada por Helder e reforçada pela decadente esquerda belenense.
Enquanto isso, os donos do poder gozam das férias escolares com suas famílias, viajando e curtindo em seus aviões, lanchas, automóveis de luxo e motos aquáticas, enquanto a maioria da população paraense, tem que aguentar o resultado de suas escolhas eleitorais, quase sempre orientadas pela compra de votos e a alienação política da maioria.
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