O que começou como um encontro artístico à beira-mar acabou se consolidando como um ato público de forte conteúdo político. Neste domingo (14), a orla de Copacabana foi ocupada por músicos, atores, parlamentares e manifestantes que se reuniram para expressar oposição ao projeto de lei que prevê anistia a condenados pelos ataques de 8 de janeiro. A iniciativa partiu do cantor e compositor Caetano Veloso e atraiu um público diverso, mobilizado pela defesa da democracia.
Batizado de “Ato Musical 2: O Retorno”, o evento deu sequência a uma articulação iniciada meses atrás e apostou na força simbólica da cultura como instrumento de mobilização social. Ao longo da programação, apresentações musicais se alternaram com falas políticas, em um tom que misturou memória histórica e alerta sobre o cenário atual.
Um dos momentos mais marcantes foi a participação de Fafá de Belém. Convidada ao palco pelo ator Paulo Vieira, a cantora foi lembrada por sua atuação durante o processo de redemocratização do Brasil. Em sua fala, Fafá ressaltou que conquistas democráticas não são definitivas e precisam ser constantemente defendidas. Em seguida, interpretou “Vermelho”, canção associada à resistência política, e voltou ao palco para dividir “Emoriô” com Caetano Veloso.
Caetano, por sua vez, conduziu parte do ato com um repertório que dialoga com críticas sociais e institucionais. Vestindo as cores da bandeira nacional, o artista defendeu um país baseado no respeito às leis e às instituições. A resposta do público veio em coro, com palavras de ordem contrárias à anistia. Músicas como “Podres Poderes” e “Vaca Profana” reforçaram o tom contestatório da manifestação.
O palco também foi ocupado por representantes da política e das artes cênicas. A atriz Fernanda Torres chamou atenção para temas como a crise ambiental, os direitos civis e o papel do Congresso Nacional. Parlamentares como Jandira Feghali, Talíria Petrone e Marcelo Freixo também discursaram, destacando a necessidade de responsabilização pelos atos antidemocráticos e criticando iniciativas legislativas que, segundo eles, enfraquecem a democracia.
A mobilização teve reflexos em outras capitais. Em São Paulo, manifestantes se reuniram em frente ao Masp, na avenida Paulista, em apoio às mesmas pautas defendidas no Rio. Os atos simultâneos reforçaram o caráter nacional do movimento.
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