Pará registra mais de 19 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes entre 2019 e 2023, diz pesquisa

O estudo, baseado em dados oficiais do Sistema de Informação de Segurança Pública, apresenta um panorama detalhado da violência sexual contra pessoas de 0 a 17 anos no estado.

Reprodução. O caso foi registrado na cidade de Santo Antônio do Tauá

Um estudo realizado pelo Coletivo Futuro Brilhante, em parceria com grupos de pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade Estadual do Pará (UEPA) e do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), revelou que mais de 19 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes foram registrados no Pará entre 2019 e 2023. Mais de 80% das vítimas eram meninas.

A pesquisa, baseada em dados oficiais do Sistema de Informação de Segurança Pública, apresenta um panorama detalhado da violência sexual contra pessoas de 0 a 17 anos no estado. Entre 2009 e 2021, Belém registrou mais de 31 mil casos de violência contra crianças e adolescentes de até 19 anos, dos quais cerca de 13 mil foram de violência sexual, representando 43% das ocorrências.

Os principais dados sobre violência sexual no Pará são:

  • 89,24% das vítimas são meninas
  • 98,06% dos autores identificados são homens
  • A maioria dos crimes ocorre dentro da residência das vítimas, especialmente no período da tarde
  • Municípios como Vitória do Xingu, Salvaterra e Soure apresentam os maiores índices
  • Mais de 57% das vítimas têm entre 12 e 17 anos
  • Em Belém, entre 2009 e 2021, foram registrados 13.608 casos de violência sexual contra pessoas de 0 a 19 anos

Diego Martins, coordenador do Coletivo Futuro Brilhante, destacou que a pesquisa deve auxiliar na formulação de estratégias de combate à violência sexual. “Essa pesquisa é fundamental porque transforma dados em estratégias de proteção. Ao entender como a violência sexual atinge crianças e adolescentes, podemos prevenir melhor, fortalecer políticas públicas e capacitar quem está na linha de frente do cuidado”, afirmou.

O levantamento foi desenvolvido com a participação da Fundação ABRINQ pelos Direitos da Criança e do Adolescente (São Paulo), do Grupo de Pesquisas Judiciárias da Escola Judicial do TJPA, além de diversos grupos e núcleos de pesquisa da UFPA, como Érgane, NEPEVA, PPGTPC, GEAV, NEIVA e a Clínica de Atenção à Violência (CAV).

A divulgação do estudo será feita em três etapas, com a primeira parte apresentada em formato de infográfico, mostrando um panorama geral dos registros no estado. O objetivo é subsidiar políticas públicas e estratégias de prevenção, além de fortalecer a capacitação dos profissionais que atuam na proteção de crianças e adolescentes.

Com base nos dados, o Coletivo Futuro Brilhante planeja lançar o Anuário Paraense de Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, uma publicação periódica que reunirá informações atualizadas para orientar pesquisadores, gestores públicos e profissionais da rede de proteção à infância no Pará.

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