O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou neste domingo (2), a Aldeia Vista Alegre do Capixauã, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará. Lá, participou de uma roda de conversa com caciques do povo Kumaruara, em um dos compromissos que integram a agenda de eventos preparatórios da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que terá o primeiro dos grandes encontros nesta semana, com a Cúpula de Chefes de Estado (6 e 7 de novembro).
“Sempre acho que a gente tem que ver com os próprios olhos e pegar na mão das pessoas para sentir como as crianças estudam, as condições, a alimentação que elas têm, o que produzem, para quem vendem, se têm mercado e como fazem para levar os produtos até a cidade”, disse Lula durante o diálogo com os povos Kumaruara.
Desde que Belém foi oficializada como sede da COP30, Lula tem reiterado que a escolha de um estado amazônico é uma oportunidade para que líderes mundiais — que historicamente defendem a preservação da floresta — conheçam de perto o bioma e a realidade dos povos que nele vivem.
Fiel a esse princípio, a visita do presidente e das ministras Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) incluiu uma reunião informal com caciques do povo Kumaruara, realizada na Aldeia Vista Alegre do Capixauã. A comitiva federal chegou ao local por meio de deslocamento fluvial.
Poder feminino e sustentabilidade
Criada em 6 de novembro de 1998, a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns foi a primeira do Pará. Localizada na região oeste do estado, abrange os municípios de Santarém e Aveiro, com área aproximada de 690 mil hectares.
Na Aldeia Vista Alegre vivem 27 famílias (115 pessoas) sob a liderança da cacique Irenilce Kumaruara, de 43 anos.
“Sou a primeira mulher cacique, e não é só isso. Tenho uma junta de mais quatro mulheres coordenando a aldeia”, afirmou, orgulhosa.
As lideranças femininas também gerem a pousada da aldeia, exemplo de economia sustentável. Ao todo, dez aldeias compõem o território Kumaruara, com cerca de 3 mil habitantes. A região dispõe de conexão à internet via satélite e energia elétrica em parte da estrutura, por meio de placas solares.
Recebido com muito carinho na Aldeia Vista Alegre de Capixauã, na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. As crianças da comunidade me acolheram, e a cacique Irenilce Kumaruara nos conduziu para uma roda de conversa na maloca da aldeia 💚
— Lula (@LulaOficial) November 2, 2025
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Compromissos e novos investimentos
Durante a visita, Lula ouviu as reivindicações e firmou o compromisso de ampliar e formular medidas para atender as demandas dos indígenas, como a construção de um centro de saúde equipado, com acesso facilitado a profissionais, ambulância e transporte.
“Temos no Brasil um programa chamado Agora Tem Especialistas, para levar tudo o que for necessário e atender todo mundo da forma mais rápida possível”, disse o presidente.
Os compromissos também envolvem educação.
“Haverá construção e ampliação das escolas padrão MEC, que é outra coisa que a gente pode atender após levantamento e reunião com o ministro da Educação e a Funai”, afirmou Lula.
“Vamos anunciar ainda uma universidade indígena, com sede em Brasília. Já tem até prédio. Pode ter o curso principal lá, mas os estados vão oferecer extensões para os jovens estudarem próximo de onde moram.”
A ministra Sonia Guajajara reforçou o compromisso interministerial:
“O que couber a nós, vamos encaminhar; e o que couber a outros ministérios, vamos articular, para que possamos atender o máximo possível.”
Segurança energética e habitação
Por meio dos programas Luz para Todos e Minha Casa, Minha Vida, Lula afirmou que buscará soluções para ampliar os serviços de energia e moradia.
“Vamos colocar luz. Não vai demorar para o ministro de Minas e Energia vir conversar. Na habitação, é preciso um levantamento de quantas casas são necessárias, porque temos condições de trazer o Minha Casa, Minha Vida”, explicou.
“Tenho orgulho de dizer que não existe ninguém que já tenha demarcado mais terras indígenas e criado mais reservas do que nós — mas ainda é pouco, pela quantidade de anos em que o povo foi esquecido.”
Território e preservação
A presidenta da Funai, Joenia Wapichana, destacou a importância dos territórios indígenas para a preservação ambiental.
“A demarcação é essencial para a vida dos povos indígenas. Temos feito ações para fortalecer a autonomia, a sustentabilidade e a proteção territorial. Nosso compromisso é coletivo.”
Já a ministra Marina Silva ressaltou que a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns está 100% regularizada, resultado de um trabalho conjunto entre o governo federal, indígenas e extrativistas locais.
“Aqui se preserva 88%. Pessoas que vivem aqui há milhares de anos mostram que é possível ter muita gente e preservar. No atual governo, conseguimos reduzir muito o desmatamento — nas unidades de conservação, a queda foi de 31% em relação ao ano passado, e de 74% em relação ao governo anterior. Isso é muito trabalho no governo do presidente Lula”, afirmou Marina.
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