Lula na COP30: "Estamos na direção certa, mas na velocidade errada" - Estado do Pará Online

Lula na COP30: “Estamos na direção certa, mas na velocidade errada”

Presidente faz apelo por ações concretas e defende criação de um Conselho Global do Clima para fortalecer a governança internacional.

Paulo Mumia / COP30

No coração da Amazônia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu oficialmente, nesta segunda-feira (10), a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA). Diante de chefes de Estado, negociadores e representantes da sociedade civil de todo o mundo, Lula fez um alerta: o planeta está reagindo à crise climática, mas ainda com lentidão.

Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada”, afirmou, reforçando que a mudança do clima “já não é uma ameaça do futuro, é uma tragédia do presente”.

O presidente destacou que trazer a COP30 para a Amazônia foi uma “decisão política e simbólica”, para mostrar que o bioma não é apenas um tema de debate, mas parte essencial da solução climática. “A Amazônia não é uma abstração, é um lar, é economia, é cultura, é vida”, disse. “Quando deixarem Belém, os delegados levarão o compromisso de agir, e o povo da cidade ficará com os investimentos que esta conferência trouxe.”

Lula apresentou os três eixos de ação que devem orientar as negociações da COP30: cumprir os compromissos climáticos já assumidos, fortalecer a governança global e colocar as pessoas no centro das decisões. Ele defendeu a criação de um Conselho Global do Clima vinculado à Assembleia Geral da ONU, com o objetivo de garantir mais coordenação e responsabilidade entre os países. “Precisamos de instituições à altura da crise que enfrentamos”, afirmou.

Ao projetar o papel do encontro, o presidente reforçou que a COP30 deve ser “a COP da Verdade”, enfrentando o negacionismo e valorizando a ciência e, ao mesmo tempo, “a COP da Implementação”, marcada pela transformação de compromissos em ações efetivas. “Vivemos uma era em que os obscurantistas rejeitam as evidências científicas e atacam as instituições. É hora de impor uma nova derrota ao negacionismo”, disse.

O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, também enfatizou a necessidade de resultados práticos e chamou o evento de “a conferência da ação”. “Esta COP precisa ser lembrada como a COP da ação, que transforma compromissos em resultados. É o momento de integrar clima, economia e desenvolvimento, criando empregos, reduzindo desigualdades e fortalecendo a confiança entre as nações”, afirmou.

Corrêa do Lago ressaltou o esforço coletivo que permitiu a realização da COP30 em Belém, agradecendo ao governo brasileiro e às equipes técnicas envolvidas. “O mundo vê no Brasil um exemplo de união e de propósito. A COP30 é fruto de um mutirão, uma palavra brasileira que o mundo aprendeu e que simboliza a essência desta conferência: trabalhar juntos”, disse.

O secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, destacou o simbolismo de sediar o evento “na foz do maior rio do mundo”. “O que o rio Amazonas nos ensina é que grandes resultados vêm da convergência de muitos fluxos. A COP precisa funcionar da mesma forma, impulsionada pela cooperação e pela coragem”, declarou.

Stiell ressaltou que a economia global já aponta para um novo caminho. “As energias renováveis superaram o carvão como principal fonte de energia do mundo. Agora é hora de transformar ambição em ação concreta. É assim que mostramos que o multilateralismo ainda entrega resultados”, disse.

Na cerimônia, o presidente da COP29, Mukhtar Babayev, passou simbolicamente a liderança do processo climático global ao Brasil. Ele afirmou que o planeta entra “em uma nova era de implementação” do Acordo de Paris. “A partir de agora, não há mais espaço para promessas sem ação. Esta é a década da execução, da solidariedade e da credibilidade”, destacou.

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