O encontro entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizado no domingo (26) em Kuala Lumpur, durante a cúpula da Asean, marcou o início de uma nova fase na relação entre Brasil e Estados Unidos. Foi o primeiro contato direto entre os dois presidentes desde o retorno de Trump ao poder e teve como principal pauta o tarifaço, as tarifas impostas pelos EUA a produtos brasileiros.
Apesar do clima amistoso, nenhum acordo foi fechado. O governo americano aceitou apenas discutir um cronograma de negociações para as próximas semanas, com reuniões técnicas previstas em Washington. Lula indicou que enviará os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad e Geraldo Alckmin para conduzir as tratativas.
“Estabelecemos uma regra de negociação: toda vez que houver dificuldade, eu conversarei pessoalmente com ele”, afirmou o presidente brasileiro.
Diplomacia pragmática e cálculo político
A postura de Lula foi marcadamente pragmática. Ele evitou temas ideológicos e apostou em um diálogo direto e pessoal com Trump, buscando transformar a relação em uma via de negociação econômica. O gesto reflete a tentativa do Brasil de retomar influência diplomática, reduzindo tensões e abrindo espaço para acordos comerciais em um cenário internacional cada vez mais protecionista.
Trump, conhecido por seu estilo imprevisível, elogiou a reunião, mas foi cauteloso ao comentar possíveis concessões. Em voo para o Japão, disse apenas que “foi um bom encontro” e que “vamos ver o que acontece”, mantendo em aberto qualquer mudança nas tarifas.
Outras pautas e sinais políticos
Além da questão comercial, Lula entregou um documento pedindo o fim das sanções a autoridades brasileiras e propôs que o Brasil atue como mediador na crise venezuelana , gesto visto como tentativa de recolocar o país no papel de interlocutor regional.
O presidente também procurou distanciar-se de disputas internas, ao afirmar que as decisões judiciais envolvendo Jair Bolsonaro são de competência do Judiciário e não interferem nas relações exteriores.
Perspectiva
Mesmo sem resultados imediatos, o encontro teve peso simbólico. Ele demonstra que Brasil e Estados Unidos voltam a se falar em alto nível, com um canal direto entre os presidentes. O desfecho das negociações sobre o tarifaço ainda é incerto, mas a reaproximação sugere uma política externa mais prática e menos ideológica, em que Lula tenta equilibrar interesses econômicos com a reconstrução da imagem internacional do país.
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