Lula diz que traficantes são "vítimas dos usuários" e critica ações letais contra o narcotráfico - Estado do Pará Online

Lula diz que traficantes são “vítimas dos usuários” e critica ações letais contra o narcotráfico

Durante entrevista na Indonésia, o presidente comentou as declarações de Donald Trump e defendeu que o combate às drogas deve priorizar a responsabilidade e o respeito à soberania dos países.

Ricardo Stuckert / PR

Durante coletiva em Jacarta, na Indonésia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez uma declaração que chamou atenção ao inverter o olhar sobre o tráfico de drogas. Para ele, os traficantes seriam “vítimas dos usuários”, numa relação que, segundo o presidente, revela a complexidade do problema.

Lula abordava o tema ao responder sobre as falas recentes de Donald Trump. O presidente norte-americano defendeu o uso de ações militares letais contra grupos de narcotráfico em outros países, uma proposta que Lula criticou de forma indireta.

“Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que também são vítimas dos usuários. Você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra. Então é preciso que a gente tenha mais cuidado no combate a droga”, afirmou.

Sem citar Trump diretamente, Lula se opôs à ideia de execuções sumárias e lembrou que governos devem agir dentro dos limites legais. “Você não está aí para matar as pessoas, você está para prender as pessoas. Antes de punir alguém, é preciso julgar, ter provas. Você não pode simplesmente dizer que vai invadir o território de outro país. É preciso respeitar a Constituição, a autodeterminação dos povos e a soberania territorial”, disse o presidente.

O líder brasileiro também destacou que o combate ao narcotráfico não depende de ações isoladas, mas de cooperação. “Estamos trabalhando com outros países, com a Interpol e forças policiais para combater o narcotráfico, o tráfico de armas e o contrabando. É melhor trabalhar em parceria do que cada país decidir agir sozinho”, pontuou.

A fala ocorre em meio à escalada de tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela. Trump voltou a classificar cartéis latino-americanos como “narcoterroristas” e comparou essas organizações ao Estado Islâmico, afirmando ainda que não precisaria de uma declaração formal de guerra para autorizar ofensivas militares.

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