Justiça dá 15 dias para Deltan Dallagnol pagar R$ 135 mil a Lula por PowerPoint - Estado do Pará Online

Justiça dá 15 dias para Deltan Dallagnol pagar R$ 135 mil a Lula por PowerPoint

O valor inclui juros, correção monetária e honorários advocatícios, e se refere a condenação já transitada em julgado. Caso não cumpra a decisão no prazo estabelecido, Dallagnol poderá ser penalizado com multa de 10% sobre o valor.

O ex-deputado federal Deltan Dallagnol e o famoso PowerPoint do triplex do Guarujá.
O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR) e o famoso PowerPoint do triplex do Guarujá. Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados.

A Justiça paulista acaba de apertar o botão de cobrança: o ex-procurador Deltan Dallagnol tem 15 dias para pagar R$ 135,4 mil ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por danos morais relacionados ao famoso PowerPoint do triplex apresentado em 2016 — ou vai amargar multa de 10 % e mais 10 % de honorários advocatícios.

O que rolou (de novo)

Na entrevista coletiva de setembro de 2016, Dallagnol usou um fluxograma no PowerPoint colocando Lula como “maestro”, “grande general” ou até “propinocrata” do suposto esquema da Petrobras, antes de qualquer condenação formal.

Lula acionou a Justiça alegando que houve abuso — linguagem não técnica, antecipação de culpa e imputações que sequer constavam da denúncia oficial.

Em março de 2022, o STJ já havia fixado indenização no valor de R$ 75 mil por danos morais, mas o valor subiu com juros e correção monetária até os atuais R$ 135,4 mil.

Não há mais recursos sobre o mérito da ação — o STF rejeitou o último apelo em 2024 — embora Dallagnol ainda possa contestar o cálculo do valor cobrado.

Reação dos envolvidos

A decisão foi assinada pelo juiz Carlo Brito Melfi, que deixou claro: ou Deltan paga o valor integral em até 15 dias, ou arca com multa e honorários.

Dallagnol acaba de se pronunciar oficialmente através de suas redes sociais sobre essa nova fase da sentença. No passado, ele disse que é vítima de “reação do sistema” e que “o sol da Justiça sempre se erguerá sobre a escuridão da injustiça”.

“Fui condenado por fazer o que faria de novo mil vezes se eu tivesse mil vidas: colocar na cadeia e não na presidência aqueles contra quem surgem fortes provas de corrupção”, disse o ex-coordenador da Operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol.

A equipe de Lula vê a decisão como reafirmação do Estado de Direito e símbolo de que “nenhum agente público está acima dos limites da lei”.

Por que esse episódio ainda reverbera

Marca simbólica: O caso PowerPoint já é um símbolo da espetacularização midiática na Lava Jato. A sentença reforça que acusar antes da palavra final da Justiça não sai barato.

Novo script político: Rossi em vista de uma eventual costume futura, Deltan chegou a se candidatar a deputado federal — perdeu o mandato por decisão da Ficha Limpa — e tenta manter relevância frente à repercussão dessa condenação.

Precedente institucional: A Justiça mostra que chamar os protestos midiáticos às falhas do sistema pode sair caro — até o uso de PowerPoint vira objeto de indenização.

Tempo como narrativa: A lentidão do trâmite (de 2016 até 2025) reforça a crítica de que graves consequências podem demorar anos para serem dimensionadas pelo Judiciário.

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