Na última segunda-feira (10), o Governo do Pará anunciou a aquisição de antenas Starlink para escolas da rede estadual de ensino, com um investimento de R$ 340 milhões. A compra inclui 1.650 antenas destinadas a 898 escolas do interior do estado, além de manutenção e suporte técnico.
Atualmente, o kit Starlink de internet é vendido por R$ 2.600,00, incluindo impostos. Com o valor investido, seria possível adquirir aproximadamente 130.000 kits. No entanto, os jornalistas têm questionado o custo unitário dos kits adquiridos pelo governo, que seria de R$ 206 mil cada.
O jornalista Ronaldo Brasiliense destacou que no mercado, a antena comercial mais cara custa em torno de R$ 3.500,00. Ele estimou que 1.650 kits custariam R$ 5.775.000,00. Adicionando 1.650 televisores de 50 polegadas, cada um custando cerca de R$ 2.000,00, o total seria R$ 3,3 milhões. Com 1.650 notebooks de alta qualidade, cada um custando R$ 3.500,00, o valor somaria R$ 5.775.000,00. Portanto, o total estimado seria de aproximadamente R$ 14,85 milhões, muito abaixo dos R$ 340 milhões anunciados. Ronaldo ressaltou que com o valor investido, seria possível comprar 98 mil kits de antenas ou 38 mil kits, além de televisores e notebooks.
A equipe do Portal Estado do Pará Online investigou no Diário Oficial do Estado (DOE) e não encontrou detalhes sobre o contrato. A falta de transparência levantou suspeitas sobre os valores praticados no contrato. André Mendes, gerente do Ver-o-Fato, criticou a ausência de informações detalhadas sobre o plano contratado, incluindo a duração, mensalidades, acessórios, e tipo de suporte técnico. Segundo ele, “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A instalação de rede interna da escola não tem nada a ver com a compra do uplink (antenas e modem de conexão ao satélite)”.
O governador Helder Barbalho (MDB), justificou a compra das antenas para atender escolas em áreas remotas, onde a internet convencional é ineficaz. No entanto, a falta de transparência sobre os valores reais dos contratos suscitou mais dúvidas. O jornalista Diógenes Brandão também questionou os valores, comentando que adquiriu uma antena em abril por menos de R$ 1.700,00, considerando impostos. “Essa compra tem jeito, cheiro e cara de ser superfaturada”, afirmou.
A equipe do portal solicitou mais informações à Secretaria de Educação (Seduc) e ao Governo do Estado, mas não obteve resposta até o momento.
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