A eleição da lista sêxtupla do Quinto Constitucional da Advocacia no Tribunal de Justiça do Pará, marcada para o próximo dia 11 de agosto, promete ir além da simples escolha de nomes. A disputa, que inicialmente parecia restrita ao universo interno da OAB, tem revelado um cenário mais amplo, de grupos políticos, projetos distintos e interesses bem definidos.
Entre os 12 nomes definidos pelo Conselho Seccional da OAB/PA e que agora irão para votação direta da classe, dois têm despontado como os principais polos da disputa: Jarbas Vasconcelos, ex-presidente da seccional e figura histórica da advocacia militante; e Anete Penna, procuradora do Estado, cuja candidatura ganhou tração com apoios de setores políticos ligados ao governo.
O que tem se acentuado, inclusive nos grupos de WhatsApp da classe, é o contraste entre a advocacia privada, representada por Jarbas, e a advocacia pública, representada por Anete. E isso tem pouco a ver com o currículo dos candidatos. A discussão que tomou corpo entre advogados e advogadas gira em torno de representatividade, ou seja, de qual o setor da advocacia que deve estar representado na cadeira do desembargo: um advogado que vive de honorários ou uma advogada que vive de contracheque?
Além disso, uma outra discussão em pauta são as movimentações entre grupos políticos em busca de apoio. Anete, que até pouco tempo era vista como aliada da atual gestão da Ordem, tendo sido a mulher mais bem votada no Conselho, perdendo em votos apenas para Jarbas, passou a circular com a oposição do grupo que a elegeu, redesenhando seu entorno com rapidez. O movimento não passou despercebido. Em uma eleição de classe, onde coerência e consistência costumam pesar tanto quanto competência técnica, esse tipo de reconfiguração estratégica chama atenção, ainda que não seja abertamente discutida.
Jarbas, por sua vez, tem se mantido no reforço da trajetória construída dentro da OAB e da advocacia privada. Seu nome tem recebido adesões em várias frentes.
Além disso, já circulam em grupos de WhatsApp da advocacia alguns levantamentos informais que apontam Jarbas com uma vantagem de pelo menos 10 pontos percentuais sobre Anete na preferência para a composição da lista sêxtupla. Embora não sejam pesquisas oficiais, esses dados têm alimentado a percepção de que o ex-presidente da OAB/PA parte na frente na disputa.
No fundo, o que se decide agora vai além da composição de uma lista. É sobre qual perfil vai representar a advocacia paraense. Em tempos de tanta mudança de lado, coerência pode acabar sendo o critério mais decisivo.
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