Às margens da Baía do Guajará, a comunidade da Vila da Barca será palco, nesta sexta-feira (17), do II Festival Yellow Zone, uma ocupação cultural que une arte, juventude e resistência climática em um dos territórios periféricos mais emblemáticos de Belém. Com o tema “É clima de resistência”, o evento convida o público a celebrar uma Amazônia urbana viva e criativa, que constrói seu próprio futuro em meio aos desafios ambientais.
Promovido pela Barca Literária e pela Comissão Solidária da Vila da Barca, o festival conta com apoio de organizações como Fundação Abrinq, Greenpeace Belém, COP das Baixadas e Moradia e Cidadania. A programação ocorre das 17h às 22h, com oficinas, apresentações artísticas e a leitura da “Carta para o Futuro”, escrita por crianças e jovens da comunidade.

Território amazônico e voz das periferias
A menos de um mês da COP30, que colocará Belém no centro das decisões globais sobre o clima, o Yellow Zone busca descentralizar o debate ambiental, levando-o para os territórios que já vivenciam diariamente os impactos da crise climática.
Inspirado nas “Yellow Zones” criadas pela COP das Baixadas, o festival propõe um espaço de diálogo e criação coletiva, onde a educação climática se mistura com carimbó, poesia, teatro e rimas — linguagens que expressam resistência e identidade amazônica.
“O Yellow Zone é uma forma de mostrar que a Vila da Barca tem potência, arte e soluções para inspirar a cidade. A infância e a juventude daqui não estão esperando o futuro — estão escrevendo esse futuro agora”, afirma Gisele Mendes Barbosa, coordenadora da Barca Literária.
Com cerca de 4 mil moradores, a Vila da Barca é uma das comunidades mais antigas de Belém e enfrenta problemas históricos de saneamento, alagamentos e exclusão urbana. Ainda assim, o território é símbolo de solidariedade e transformação cultural, impulsionado por projetos como a Barca Literária, que há anos promove leitura, arte e protagonismo juvenil.
“Queremos ocupar o território sagrado da beira do rio como nossos ancestrais nos ensinaram: com dança, canto, rimas e toques de tambor. Isso também é cuidar do clima”, completa Gisele.
Programação
A programação abre com a oficina “É clima de resistência”, conduzida por voluntários do Greenpeace Belém, sobre ativismo ambiental e defesa da vida nas Amazônias.
O público também poderá acompanhar apresentações de carimbó, teatro, batalhas de rima e música, com artistas e grupos locais como DJ Mateus Melo & Lucas Pressão, Para-folclórico Iaçá Luterana, Moraes MV, MC WR e os dançarinos da Barca Literária.
O ponto alto será a leitura da “Carta para o Futuro”, documento coletivo elaborado por crianças e jovens da comunidade com sonhos e reivindicações para a Belém que desejam ver representada na COP30. O encerramento será marcado por uma grande roda de carimbó, selando o compromisso da Vila da Barca com a arte, a resistência e a justiça climática.

Por que o movimento importa
- Descentraliza o debate climático: leva a pauta da COP30 às margens do rio e às periferias urbanas, onde os efeitos da crise ambiental são mais sentidos.
- Fortalece a educação climática: envolve crianças e jovens em atividades que conectam meio ambiente, cultura e cidadania.
- Amplia a visibilidade dos territórios: coloca a Vila da Barca no mapa da agenda climática como símbolo da Amazônia urbana que quer participar das soluções.
- Cria redes e legado local: articula coletivos e organizações para garantir que a mobilização continue além da COP30, como parte de uma agenda permanente de justiça socioambiental.
A COP das Baixadas, movimento que inspira o festival, nasceu nas periferias de Belém para dar voz às comunidades amazônicas nas discussões sobre mudanças climáticas e justiça ambiental. Por meio de ações culturais, educativas e artísticas, o movimento busca preparar as comunidades para participar ativamente das discussões e decisões que marcarão a COP30, em novembro.
Serviço
Evento: II Festival Yellow Zone — Vila da Barca
Data: Sexta-feira, 17 de outubro de 2025
Horário: 17h às 22h
Local: Passagem Praiana Solamar, Vila da Barca, Belém (PA)
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