Ícone do Clube da Esquina, Lô Borges morre aos 73 anos em Belo Horizonte - Estado do Pará Online

Ícone do Clube da Esquina, Lô Borges morre aos 73 anos em Belo Horizonte

Cantor e compositor mineiro, um dos pilares do Clube da Esquina, morreu por falência múltipla de órgãos após internação; legado marcou gerações da música brasileira.

A música brasileira se despede de um de seus nomes mais emblemáticos. O cantor, compositor e multi-instrumentista Lô Borges morreu na noite deste domingo (2), aos 73 anos, em Belo Horizonte. Reconhecido como um dos criadores do histórico movimento Clube da Esquina — que transformou a MPB nos anos 1970 —, o artista faleceu às 20h50 em decorrência de falência múltipla de órgãos, conforme informou a assessoria do hospital onde estava internado.

Lô estava hospitalizado desde 17 de outubro, após um quadro de intoxicação medicamentosa que evoluiu de forma grave. Durante o tratamento, precisou ser entubado e posteriormente submetido a uma traqueostomia, mas não resistiu. Ele deixa um filho, Luca Arroyo Borges, de 27 anos.

A notícia provocou grande comoção nas redes sociais, onde fãs, músicos e admiradores lamentaram a perda. Em poucas horas, o nome do artista tornou-se um dos mais comentados no X (antigo Twitter), com inúmeras homenagens destacando sua genialidade e a relevância de sua obra para a cultura do país.

“Hoje, a matéria se despede, mas sua música será eterna. Descanse em paz, gênio do Clube da Esquina”, escreveu uma internauta. Outra mensagem dizia: “Perdemos um dos maiores compositores do Brasil. Seu legado atravessa gerações. Vá em paz, Lô”.

Um dos pilares da sonoridade mineira

Nascido em 10 de janeiro de 1952, em Belo Horizonte, Salomão Borges Filho cresceu em um ambiente artisticamente fértil. Era o sexto de 11 irmãos — entre eles, Márcio, Marilton e Telo Borges, todos ligados à música e ao Clube da Esquina. Desde muito jovem, Lô demonstrou talento para compor e, ao lado de Milton Nascimento, Beto Guedes, Toninho Horta, Wagner Tiso e Fernando Brant, ajudou a moldar uma estética musical única, que uniu Minas Gerais ao mundo.

Entre suas obras mais marcantes estão clássicos como “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “O Trem Azul”, “Tudo Que Você Podia Ser”, “Paisagem da Janela”, “Feira Moderna”, “Para Lennon e McCartney” e “Clube da Esquina nº 2”.

Em 1972, aos 20 anos, lançou dois álbuns essenciais para a música brasileira: o “Clube da Esquina”, em parceria com Milton Nascimento — frequentemente citado entre os maiores discos mundiais — e o seu primeiro álbum solo, “Lô Borges”, eternizado como o “disco do tênis”, por conta da célebre capa fotografada por Cafi.

Lô Borges é o segundo integrante do Clube da Esquina a falecer — o primeiro foi o compositor Fernando Brant, em 2015. Sua partida marca o fim de um capítulo importante da música nacional, embora seu legado continue vivo, inspirando intérpretes, compositores e apaixonados pela MPB.

“Não consigo acreditar que Lô Borges nos deixou. O Clube da Esquina é, definitivamente, uma das maiores riquezas musicais que o Brasil já produziu”, escreveu um fã, traduzindo o sentimento coletivo diante da perda de um dos maiores nomes da cultura brasileira.

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