Helder prometeu reabrir, mas hospital de Capitão Poço completa um ano fechado

"Esse hospital salvou muitas vidas, inclusive durante a pandemia, quando éramos o único aqui de Capitão Poço a receber pacientes com a COVID-19. Isso sem contar que foi aqui que foram feitos os partos de milhares de pessoas e tantas outras foram salvas e curadas durante todos esses 51 anos", disse uma enfermeira.

Ao lado do deputado estadual Érick Monteiro (PSDB) e da vice-governadora Hana Ghassan, o governador Helder Barbalho (MDB).
Ao lado do deputado estadual Érick Monteiro (PSDB) e da vice-governadora Hana Ghassan, o governador Helder Barbalho (MDB) se comprometeu a resolver o problema que até agora persiste. Foto: reprodução/redes sociais.

Completou um ano que o Hospital Maternidade “Dr Aldomar Aarão Monteiro” foi descredenciado pelo poder público, supostamente por ordem do prefeito do município de Capitão Poço, João Tonheiro (PL). A população que já não contava com o número de leitos suficientes, agora padece ainda mais, por não ter mais à sua disposição, a estrutura do estabelecimento privado que atendia cerca de 430 pacientes por mês.

Com 76 leitos, o hospital recebia pacientes dos municípios de Ourém, Paragominas, Santa Luzia do Pará, Irituia, Garrafão, Nova Esperança do Piriá, Aurora do Pará, Mãe do Rio, entre outros, 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Segundo informações apuradas no município, entre as motivações para que a unidade hospitalar fosse descredenciada e assim fechasse as portas está a disputa política entre a família Tonheiro e a família Monteiro, proprietária do hospital. Ao mudar seu domicílio eleitoral para Capitão Poço, o deputado estadual Érick Monteiro (PSDB), despertou a ira no clã que governa o município e este resolveu deixar de repassar os valores do SUS para procedimentos médicos, cirúrgicos e de internação de pacientes. Sem isso, a administração do hospital ficou inviabilizada de manter os custos operacionais e fechou as portas.

Enquanto isso, a saúde pública municipal de Capitão Poço é frequentemente denunciada pela forma que é tocada, sem que o Ministério Público ou qualquer outra instituição tomem providências.

Promessa não cumprida

Em junho do ano passado, o governador Helder Barbalho (MDB) publicou vídeo em suas redes sociais comprometendo-se a dar uma solução no problema e garantir a reabertura do hospital “Dr Aldomar Aarão Monteiro”, que funcionou por 51 anos atendendo pacientes de Capitão Poço e demais municípios da região.

Direito negado

A saúde é um direito fundamental de todos os cidadãos, consagrado pela Constituição Federal do Brasil. No entanto, para muitas comunidades nos municípios pobres do Pará, esse direito ainda é um desafio diário. A manutenção de hospitais credenciados à rede pública de saúde é essencial para garantir atendimento médico adequado e acessível à população.

O Pará, um dos estados com maior extensão territorial no Brasil, enfrenta dificuldades significativas em oferecer serviços de saúde de qualidade em suas áreas mais remotas. Municípios onde a pobreza é uma realidade constante, dependem crucialmente dos hospitais públicos para atender suas necessidades de saúde.

Desafios e realidades

A distância geográfica e a falta de infraestrutura adequada são obstáculos que agravam a situação. Muitas comunidades ficam a várias horas de barco ou de estrada das cidades mais próximas com hospitais bem equipados. Isso significa que, em casos de emergência, o tempo de resposta pode ser a diferença entre a vida e a morte.

Além disso, a precariedade econômica dos municípios impede a maioria dos moradores de buscar atendimento em hospitais privados. Sem a rede pública, essas populações ficam completamente desamparadas. A presença de hospitais privados credenciados garante que serviços básicos e essenciais, como consultas médicas, exames laboratoriais e procedimentos cirúrgicos de baixa e média complexidade, estejam disponíveis.

A Rede pública como pilar de sustentação

A rede pública de saúde no Pará desempenha um papel vital no combate a doenças endêmicas na estado, como malária, dengue e febre amarela, além de tratar condições crônicas que afetam grande parte da população, como diabetes e hipertensão. Sem os hospitais públicos, o controle e o tratamento dessas doenças seriam quase impossíveis.

Além disso, programas de saúde preventiva e de vacinação, coordenados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), dependem da infraestrutura hospitalar pública para alcançar a população. Manter os hospitais públicos operacionais e bem equipados é, portanto, uma questão de saúde pública de extrema importância.

Necessidade de investimento e apoio

Para garantir que os hospitais credenciados continuem a prestar serviços de qualidade, é fundamental que haja investimento contínuo por parte dos governos municipal, estadual e federal. O financiamento adequado permite a contratação de profissionais qualificados, a aquisição de equipamentos médicos modernos e a manutenção das instalações hospitalares.

Projetos como a construção de novos postos de saúde, a ampliação dos hospitais existentes e a formação de parcerias com universidades e instituições de pesquisa podem contribuir significativamente para a melhoria dos serviços prestados. Além disso, a implementação de programas de telemedicina pode ajudar a suprir a carência de especialistas em áreas mais isoladas.

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