O Greenpeace cobrou nesta sexta-feira (7) que os líderes mundiais e negociadores da COP30 transformem discursos em ações efetivas para conter o avanço da crise climática. Em balanço divulgado durante a Cúpula dos Líderes, a organização ambiental afirmou que a conferência, marcada para encerrar as discussões em Belém, precisa apresentar planos concretos para proteger as florestas tropicais e eliminar gradualmente a dependência de combustíveis fósseis, de modo a manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C.
A diretora-executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, destacou que o Brasil tem a chance de liderar o debate climático, mas ainda enfrenta contradições internas. Segundo ela, o desafio apontado pelo presidente Lula – de sair da COP30 com um plano para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e deter o desmatamento – exige mecanismos claros de implementação e fontes definidas de financiamento.
“Para que esta COP entre para a história, as partes precisam ouvir, agir e garantir que Belém resultará em compromissos concretos e viáveis. O desafio agora é transformar palavras em ação, com o Brasil na liderança”, afirmou Pasquali.
Ela também alertou que decisões nacionais recentes colocam em xeque essa posição de liderança. “Continuar pressionando pela exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas ou atrasar a demarcação de terras indígenas expõe as contradições do país”, disse.
O diretor de programas do Greenpeace Internacional, Jasper Inventor, chamou atenção para a desigualdade nos impactos da crise climática, lembrando que tufões sucessivos atingem as Filipinas enquanto líderes discutem soluções em conferências da ONU. Para ele, a lentidão das negociações contrasta com a urgência dos desastres.
“Os impactos se aceleram à medida que as negociações desaceleram, e o limite de 1,5°C escapa de nossas mãos enquanto líderes mundiais hesitam”, afirmou.
Inventor defendeu que a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) deve deixar de ser “o multilateralismo da demora e das desculpas” e se tornar um espaço de coragem e ação efetiva.
Já o diretor-executivo do Greenpeace Alemanha, Martin Kaiser, avaliou que a COP30 será um teste de credibilidade para o primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, e para a União Europeia. Ele criticou a falta de coerência entre o discurso climático e as políticas domésticas da Alemanha.
“Belém não é uma oportunidade para fotos, mas um marco para a credibilidade de Merz. Enquanto países petroleiros tentam dividir a comunidade internacional, a Alemanha e a União Europeia precisam mostrar que o espírito do Acordo de Paris ainda está vivo”, afirmou.
Para o Greenpeace, a COP30 representa um ponto de virada: ou os países apresentam medidas práticas e financiáveis para reduzir emissões e proteger florestas, ou a meta global de 1,5°C ficará fora de alcance. “É hora de transformar promessas em proteção e justiça reais”, resume a organização.
Leia também:









Deixe um comentário