Uma denúncia feita pela irmã da vítima, uma jovem autista de 19 anos, gerou forte repercussão nas redes sociais e levou à abertura de investigações por parte das autoridades paraenses. Segundo Izabella Martins, a sua irmã foi submetida a um procedimento odontológico no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém, na última segunda-feira (16), e saiu do bloco cirúrgico com 17 dentes extraídos — sem autorização da família.
A jovem fazia tratamento odontológico na unidade há anos e, de acordo com a denúncia, o agendamento era para uma limpeza e restauração dos dentes. No entanto, a paciente saiu da cirurgia completamente desdentada, o que causou choque na família. “Ela saiu traumatizada. Uma família inteira traumatizada. Aos 19 anos, minha irmã está banguela, com um dano irreversível e uma dor que jamais vai ser esquecida”, escreveu Izabella.
Ainda segundo o relato, a equipe do CIIR teria afirmado que o procedimento era “normal” em pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e que já havia sido realizado anteriormente em outras crianças e adolescentes. A família alega que não foi informada previamente sobre a possibilidade de extração e que não foi autorizada a acessar o prontuário ou fotografar a jovem após o procedimento.
Ações imediatas
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que o profissional responsável foi imediatamente afastado e que instaurou um processo administrativo para apurar os fatos e responsabilizar os envolvidos. A Secretaria também garantiu que prestará todo o apoio necessário à jovem e à sua família.
A Polícia Civil, por sua vez, comunicou que instaurou inquérito por meio da Delegacia de Proteção à Pessoa com Deficiência. A família foi acolhida na noite de terça-feira (17), e as primeiras diligências já foram realizadas, incluindo requisição de perícias e intimação dos envolvidos.
O governador do Pará, Helder Barbalho, se manifestou nas redes sociais afirmando que determinou o afastamento imediato do profissional e a abertura de investigação. “É muito grave a denúncia de que uma jovem com autismo severo teve dentes extraídos sem autorização da família em um equipamento público do Estado. A prioridade agora é prestar todo apoio à jovem e à sua família”, disse.
A denúncia reacendeu o debate sobre os direitos das pessoas com deficiência e a necessidade de protocolos mais rigorosos para procedimentos invasivos em pacientes vulneráveis. Familiares, apoiadores e organizações sociais cobram por transparência, responsabilização e justiça.
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