Gestão Igor Normando propõe reduzir presença de concursados em cargos de chefia em Belém - Estado do Pará Online

Gestão Igor Normando propõe reduzir presença de concursados em cargos de chefia em Belém

Se aprovado pela Câmara Municipal, o novo modelo permitirá ao prefeito ampliar significativamente a ocupação de cargos de chefia por pessoas nomeadas sem concurso, favorecendo aliados políticos e temporários em detrimento da meritocracia do serviço público.

Igor Normando, prefeito de Belém. Foto de perfil em suas redes sociais
Igor Normando, prefeito de Belém. Foto de perfil em suas redes sociais/reprodução.

A Prefeitura de Belém, sob a gestão de Igor Normando (MDB), encaminhou à Câmara Municipal um Projeto de Lei que altera as regras para ocupação de cargos comissionados no município — e a proposta já provoca barulho nos bastidores políticos e entre servidores concursados. O projeto reduz de 50% para 25% a reserva obrigatória de cargos em comissão que devem ser preenchidos por servidores de carreira, abrindo espaço para mais nomeações de livre escolha do prefeito.

A medida altera o artigo 3º da Lei nº 9.518, de 2019, que foi criada justamente para garantir que ao menos metade (50%) dos cargos comissionados fosse ocupada por servidores efetivos — ou seja, concursados. Com a nova proposta, apenas um quarto dessas funções de confiança precisarão, obrigatoriamente, ser destinadas a servidores públicos de carreira.

A justificativa oficial para a mudança não foi divulgada pela prefeitura até o momento da publicação desta matéria. No entanto, críticos apontam que a alteração representa um recuo nas políticas de valorização do funcionalismo público e um avanço no controle político sobre cargos estratégicos da administração direta e indireta.

O projeto, além de reduzir a presença dos concursados, também revoga o parágrafo 3º do mesmo artigo da lei anterior — que poderia conter salvaguardas adicionais sobre os critérios de nomeação, ampliando ainda mais a margem de manobra para indicações políticas.

Se aprovado pela Câmara Municipal, o novo modelo permitirá ao prefeito ampliar significativamente a ocupação de cargos de chefia por pessoas nomeadas sem concurso, favorecendo aliados políticos e temporários em detrimento da meritocracia do serviço público. Em termos práticos, o prefeito poderá indicar, com maior liberdade, chefes de departamentos, coordenadores e diretores de secretarias e autarquias — um controle político ampliado da máquina pública.

A proposta reforça um movimento que tem sido criticado por diversas entidades representativas dos servidores. Para essas organizações, a medida fragiliza a profissionalização da gestão pública e compromete a continuidade administrativa baseada em critérios técnicos.

Agora, a decisão está nas mãos dos vereadores. O projeto deve entrar em pauta nas próximas sessões da Câmara, e sua aprovação dependerá da articulação do governo com sua base aliada — que, ao que tudo indica, já está sendo mobilizada para aprovar o texto sem grandes resistências.

Enquanto isso, os servidores de carreira observam atentos — e preocupados — os rumos da política de pessoal na capital paraense. Afinal, no tabuleiro da gestão pública, quem indica (e quem é indicado) costuma ter muito mais poder do que parece à primeira vista.

A redação do EPOL entrou em contato com a Prefeitura de Belém e aguarda uma resposta.

Leia também: