Exclusivo: filho de Éder Mauro vai tentar cassar mandato de deputado que se recusou a homenagear Michelle Bolsonaro

O deputado Aveilton Souza disse que se sentia perseguido dentro do próprio partido, o PL.

Deputados em bancada
Divulgação

Desde meados de dezembro o Portal Estado do Pará Online vem acompanhando com exclusividade a crise no PL/PA, e na oportunidade noticiamos que a Comissão de Ética do partido decidiu expulsar o deputado estadual Aveilton Souza, causando surpresa entre parte da bolha política do Pará, mas nem tanto para outros, que já observam um racha no partido há alguns meses.

Natural de Rurópolis, Aveilton Souza tem 35 anos, é advogado, foi procurador geral de Novo Repartimento e em 2020 assumiu o cargo de superintendente regional do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (INCRA) no sul e sudeste do Pará. Através da gestão dele à frente do órgão, foram pagos mais de R$35 milhões em créditos e entregues mais de 50 mil documentos titulatórios à famílias que os aguardavam por muitos anos. Em 2022, Aveilton foi eleito deputado estadual com 23.230 votos.

Procurado pela equipe de reportagem do Portal Estado do Pará Online na época, o deputado esclareceu os fatos que o levaram a ser expulso do partido.

“Tomei conhecimento da minha expulsão pela imprensa, só fui notificado hoje (20/12) às 13:29 e avalio que a decisão do partido não tem nenhum lastro de dispositivo legal, pois a decisão de expulsão leva em consideração tão e somente a discussão que tive com o Rogério (deputado estadual Rogério Barra, filho do deputado federal Éder Mauro) por me recusar a assinar o requerimento para conceder o título de cidadã paraense para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro”, disse.

Questionado pelo fato de não ter assinado o requerimento, o deputado explicou: “A ex-primeira-dama não tem nenhum dos requisitos necessários para poder receber o título, já que não tem serviços prestados no estado e essa não é uma pauta de direita e nem bolsonarista. Isso foi uma forma que o Rogério encontrou de se manter na mídia e ficar bem com a ex-primeira-dama e com o ex-presidente Bolsonaro, e eu não tinha o dever de fazer isso, pois nunca prometi em campanha e acho realmente que ela não faz por merecer”, justificou.

O deputado diz ainda que se sentia perseguido dentro do próprio partido: “O Rogério [Barra] nunca contribuiu em nada para o meu mandato, pelo contrário, tudo que ele fez foi atrapalhar, votando contra meus projetos de lei de forma gratuita, como os extremistas sempre fazem. Eu me sinto vítima de perseguição dentro do partido por não ser extremista, por não ser radical, por ser uma pessoa que preza pelo trabalho, pelo diálogo, pela aproximação. O partido não aceita que eu me aproxime do governo, das bases do governador e eu penso totalmente diferente. Eu fui eleito pelo resultado, era superintendente do INCRA no sul e sudeste do estado, apresentei resultados positivos na gestão do presidente Bolsonaro, entreguei muitos títulos, trabalhei bastante e foi isso que me fez eleito. Meu trabalho reflete na quantidade de votos que me fizeram ser eleito, foram pelas pessoas que foram alcançadas pelo meu trabalho, e eu preciso dialogar para continuar trabalhando pelo povo” declarou.

Aveilton acabou de fato sendo expulso do partido e fontes fidedignas do Portal Estado do Pará Online afirmam que Rogério Barra, agora líder da bancada do PL na ALEPA, vai exigir o mandato de Aveilton para o partido, que tem como primeiro suplente Delegado Paulo Henrique, que obteve 16.374 votos nas eleições de 2022.

Procurados pela nossa equipe de reportagem, os deputados se manifestaram.

Aveilton reforçou que sua equipe jurídica estudou bastante a situação e não encontrou motivos para cassação do mandato e “se ele fizer isso, eu vou guerrear com ele na Justiça e deixar os trâmites correrem. Se tiver que ser, vamos tomar as medidas cabíveis a partir do momento que eu for notificado de alguma coisa, mas eu já suspeitava que isso fosse acontecer de alguma forma”, ressaltou o deputado que está de malas prontas para o PSD, que faz parte da base do governador Helder Barbalho (MDB).

Já Rogério Barra disse que a movimentação essa semana foi pela troca da liderança do PL que estava com o deputado Coronel Neil. “Pra alinhar os interesses do partido e do nosso presidente de honra, Jair Bolsonaro, saiu o Neil e assumo a liderança a partir de agora, quanto a cassar o mandato do Aveilton, não há interesse da minha parte. Não posso dizer o mesmo do suplente que também tem legitimidade pra pleitear, isso teria que ser consultado com ele”, declarou “cutucando” Coronel Neil e dando um discreto apoio ao suplente.

A equipe de reportagem também entrou em contato com o deputado Coronel Neil e o suplente do partido Delegado Paulo Henrique, porém não obteve resposta e aguarda retorno.

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