Exclusivo: deputado expulso do PL prevê que racha irá apequenar partido de Bolsonaro

Na tarde da última terça-feira (19), a Comissão de Ética do Partido Liberal (PL) decidiu expulsar o deputado estadual paraense Aveilton Souza, causando um misto de surpresa entre parte da bolha política do Pará e nem tanto para outros, que já observam um racha no partido há alguns meses.

Natural de Rurópolis, Aveilton Souza tem 35 anos, é advogado, foi procurador geral de Novo Repartimento e em 2020 assumiu o cargo de superintendente regional do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (INCRA) no sul e sudeste do Pará, através da gestão dele à frente do órgão, foram pagos mais de R$35 milhões em créditos e entregues mais de 50 mil documentos titulatórios a famílias que aguardavam a muitos anos. Em 2022, Aveilton foi eleito deputado estadual com 23.230 votos.

Procurado pela equipe de reportagem do Portal Estado do Pará Online, o deputado falou com exclusividade e esclareceu os fatos que o levaram a ser expulso do partido.

“Tomei conhecimento da minha expulsão pela imprensa, só fui notificado hoje (20) às 13:29 e avalio que a decisão do partido não tem nenhum lastro de dispositivo legal, pois a decisão de expulsão leva em consideração tão e somente a discussão que tive com o Rogério (Deputado Estadual Rogério Barra) por me recusar a assinar o requerimento para conceder o título de cidadã paraense para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro”, disse.

Questionado pelo fato de não ter assinado o requerimento, o deputado explicou: “A ex-primeira-dama não tem nenhum dos requisitos necessários para poder receber o título, já que não tem serviços prestados no estado e essa não é uma pauta de direita e nem bolsonarista. Isso foi uma forma que o Rogério encontrou de se manter na mídia e ficar bem com a ex-primeira-dama e com o ex-presidente Bolsonaro, e eu não tinha o dever de fazer isso, pois nunca prometi em campanha e acho realmente que ela não faz por merecer”, justifica.

O deputado diz ainda que se sentia perseguido dentro do próprio partido: “O Rogério nunca contribuiu em nada para o meu mandato, pelo contrário, tudo que ele fez foi atrapalhar, votando contra meus projetos de lei de forma gratuita, como os extremistas sempre fazem. Eu me sinto vítima de perseguição dentro do partido por não ser extremista, por não ser radical, por ser uma pessoa que preza pelo trabalho, pelo diálogo, pela aproximação. O partido não aceita que eu me aproxime do governo, das bases do governador e eu penso totalmente diferente. Eu fui eleito pelo resultado, era superintendente do INCRA no sul e sudeste do estado, apresentei resultados positivos na gestão do presidente Bolsonaro, entreguei muitos títulos, trabalhei bastante e foi isso que me fez eleito. Meu trabalho reflete na quantidade de votos que me fizeram ser eleito, foram pelas pessoas que foram alcançadas pelo meu trabalho, e eu preciso dialogar para continuar trabalhando pelo povo” declarou.

Apesar dos rumores de que está de malas prontas para o Progressistas (PP), Aveilton desconversou quando perguntado e declarou: “Independente de sigla partidária, meu perfil é e sempre será o mesmo, todas as bandeiras que sempre defendi vai continuar da mesma forma, porque é da minha índole defender o agronegócio, a agricultura familiar, lutando pelos que mais precisam e sempre buscando a resolução de pautas que vão levar desenvolvimento ao sul e sudeste do Pará, assim como o estado de forma geral” afirmou.

Sobre a acusação de que foi eleito “surfando” na onda bolsonarista, ele declarou: “Fui o único no sul e sudeste do Pará que trabalhou pedindo voto para o presidente Bolsonaro, desenvolvi o meu papel naquele momento, mas as eleições passaram e o presidente Bolsonaro perdeu. Eu não sou apaixonado por nenhum político, pois as únicas paixões que tenho são pelo povo e pela vontade de desenvolver o meu estado”, explicou.

Sobre decisões internas da bancada do PL na Alepa e seu futuro político, o deputado ressaltou que “nunca tivemos uma orientação fechada na Alepa sobre a forma que teríamos que votar, nossa liderança (Deputado Coronel Neil) sempre deixou aberto pra votar. Ou seja, se o partido deixa livre, não pode exigir como eu teria que votar, mas não estou insatisfeito com a expulsão, muito pelo contrário, vou pra um partido de centro-direita e não tenho interesse de ir pra um partido de esquerda, pois não concordo com as ideologias”, afirmou.

Sobre os rumores de que há um racha no PL Pará, Aveilton não poupou palavras e afirmou: “existe um racha sim, o partido estadual hoje é comandada pelo Éder Mauro, Caveira, Rogério e pelo não eleito Mário Couto, e tem uma linha mais branda, consciente e racional que é formado por mim, Coronel Neil e pelo deputado Joaquim Passarinho. O racha no PL não é apenas a nível estadual ou na Assembleia Legislativa, está acontecendo em diversos municípios do estado, como por exemplo Marabá, Altamira, Placas, etc. O Éder Mauro como presidente estadual tem destituído lideranças que sempre foram de direita, dando o partido para outras lideranças, fazendo com que haja animosidade entre grupos, algo poderia ser evitado com diálogo, fazendo a união e com isso lançando candidatos. O partido está sendo dividido e escrevam o que estou falando: o PL vai se tornar um partido cada vez mais apequenado aqui no estado do Pará porque não vai conseguir fazer um número expressivo de vereadores e muito menos de prefeitos; e logo depois quando eles perceberem o que fizeram com esse partido, então criarão uma nova sigla partidária e migrarão como se nada tivesse acontecido”, enfatiza.

Com relação a gestão do governador Helder Barbalho e como avalia a COP-30 em Belém, o deputado declarou: “avalio a gestão do governador Helder como positiva, principalmente em relação à presença do Governo do Estado nos 144 municípios, a inauguração de obras, hospitais, há muita coisa que precisa melhorar, claro, mas avalio como uma boa gestão. Com relação a COP, me preocupa por não ver uma preocupação voltada para a produção na Amazônia, ao meu ver é impossível falar só em meio ambiente sem levar em consideração a necessidade de investimentos no setor produtivo que é o que mais sustenta a economia no Brasil. Acho que tem que ter também uma preocupação maior com as mazelas sociais nas grandes cidades, o excesso de lixo, a ausência de aterro sanitário e a poluição da zona urbana. Acho que a prioridade tem que ser o legado que a COP deixará para as cidades da Amazônia”, concluiu.