Estudo da Fapespa traça perfil de vítimas de escalpelamento no Pará - Estado do Pará Online

Estudo da Fapespa traça perfil de vítimas de escalpelamento no Pará

Segundo a pesquisa, 98% das vítimas são mulheres, majoritariamente crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos. A faixa etária mais atingida é a de 7 a 9 anos, que representa 24% dos casos.

O Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, celebrado nesta quinta-feira (28), chama atenção para um dos acidentes mais traumáticos que ainda afetam populações ribeirinhas da Amazônia. Um estudo divulgado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) revela avanços no enfrentamento do problema e reforça a necessidade de ações conjuntas para erradicar os casos.

A nota técnica “Menina, mulher e ribeirinha da Amazônia paraense e o acidente em embarcações com escalpelamento”, publicada em janeiro de 2024, reúne dados da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental, da Casa de Apoio Espaço Acolher e de órgãos estaduais. O levantamento mostra que, entre 1964 e 2023, foram registradas 483 ocorrências no Pará.

Belém (42), Portel (37), Cametá (32), Breves (32) e Curralinho (26) estão entre os municípios com maior número de casos. O pior ano foi 2009, quando o estado contabilizou 22 vítimas. Nesse mesmo período, entrou em vigor a lei federal que obriga a proteção do eixo do motor de embarcações, considerada um marco no combate ao problema.

Segundo a pesquisa, 98% das vítimas são mulheres, majoritariamente crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos. A faixa etária mais atingida é a de 7 a 9 anos, que representa 24% dos casos. O presidente da Fapespa, Marcel Botelho, destaca que, mesmo com os avanços, os acidentes ainda são uma realidade.
“É preciso mais investimento em campanhas de conscientização dos usuários e donos de embarcações”, afirmou.
O estudo aponta ainda que as vítimas enfrentam sequelas físicas e psicológicas permanentes, sendo amparadas por políticas públicas e redes de apoio, como o Programa de Atendimento Integral às Vítimas de Escalpelamento (Paives), da Fundação Santa Casa, e a Casa de Apoio Espaço Acolher, em Belém.

A Marinha do Brasil também atua com fiscalização e instalação gratuita de coberturas nos eixos dos motores. Entre 2009 e 2022, foram implantados mais de 5,3 mil dispositivos de proteção.

O escalpelamento ocorre quando os cabelos ficam presos no eixo do motor de pequenas embarcações, arrancando o couro cabeludo da vítima em questão de segundos. A maioria dos casos é registrada em pequenas embarcações de transporte de passageiros, muitas delas em condições clandestinas.
Além do Pará, os estados do Amapá e do Amazonas também registram casos de escalpelamento.

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