Na noite desta quarta-feira, 26, se algum morador de Ananindeua procurasse o único Pronto-Socorro do município, provavemente não seria atendido. Pelo menos é isso que podemos ver nas imagens feitas pelo vereador Flávio Nobre (MDB) que esteve no local e mostrou as salas, ambulatórios, consultórios e corredores vazios, em um município onde as UPAS e demais unidades de saúde pública estão lotadas de pacientes esperando e reclamando por atendimento médico.
Oito meses depois de ser inaugurado pela prefeitura, o Pronto-Socorro Municipal de Ananindeua (PSMA), que deveria ser o primeiro pronto-socorro da cidade é hoje considerado como uma obra de fachada.
Com 3.000 m² de área construída e capacidade para 75 leitos – sendo 65 clínico-cirúrgicos e 10 de UTI –, o PSMA foi projetado para atender até 2.250 pacientes por mês. No entanto, nesta quarta-feira, apenas quatro pacientes estavam internados. O cenário contrasta com o investimento de mais de R$ 20 milhões.
Dívida milionária e impasse judicial
A inauguração do PSMA aconteceu em meio a um escândalo financeiro. O prefeito Daniel Santos (PSB) foi acusado pelos antigos proprietários do Hospital Camilo Salgado de aplicar um calote milionário na compra do imóvel. A Prefeitura adquiriu o prédio, localizado na avenida Mário Covas, mas não quitou totalmente a dívida, restando um débito de aproximadamente R$ 4,335 milhões.
A Justiça determinou que o pronto-socorro só poderia entrar em funcionamento após o pagamento da dívida. Apesar da decisão ter sido suspensa pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no dia 8 de julho, o hospital segue sem operar normalmente.
População sem atendimento e sobrecarga em Belém
Enquanto o impasse se arrasta, os moradores de Ananindeua que buscam atendimento emergencial no PSMA são redirecionados para o hospital Santa Maria, que até outro dia era de propriedade do prefeito Daniel, mas muitos acabam não conseguindo atendimento e procuram o Pronto-Socorro Dr. Roberto Macedo, localizado na avenida Augusto Montenegro, em Belém.
Prefeitura e prefeito são investigados por supostos desvios na área da saúde
No começo deste mês, investigações do Ministério Público do Estado levaram a Procuradoria Geral de Justiça a pedir intervenção na saúde de Ananindeua. As denúncias também recaem sobre o prefeito de Ananindeua, que é suspeito de desviar R$ 261,3 milhões da saúde.
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Procura fazer reportagem dos prontos socorro de Belém e ver.se teu chefe de deixar tu publicar a reportagem ou ele te ameaça com demissão como fez com outros reporteres