No ano em que Belém se prepara para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em novembro, histórias de inovação sustentável começam a ganhar visibilidade. Uma delas é a da jovem Ana Carolina Silva, de 27 anos, moradora da Ilha de Cotijuba, na capital paraense.
Agricultora, artesã e proprietária de uma pequena loja de roupas e calçados — a R&A Store — Ana vem transformando o cotidiano da comunidade onde vive com uma iniciativa que alia sustentabilidade, geração de renda e empoderamento feminino. Desde fevereiro, ela participa de uma capacitação continuada promovida pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), por meio do escritório local da instituição em Belém.
Com o conhecimento adquirido no curso, Ana passou a reciclar papelão coletado de comércios vizinhos para criar embalagens personalizadas e peças como cestas e porta-joias. Os itens são usados para embalar produtos que ela mesma vende, como doces, artesanatos e lembranças — reduzindo resíduos e agregando valor ao trabalho artesanal.
Ana também é apicultora, criadora de abelhas nativas como uruçu-amarela e marmelada-amarela, e integra o grupo “Artes e Sabores das Mulheres do Poção” (Asmup), formado por 13 mulheres da zona rural e periurbana de Belém, todas atendidas pela Emater com foco no fortalecimento da economia solidária.
“O curso abriu infinitas janelas. A gente aprendeu a reutilizar o que antes ia para o lixo. Hoje criamos embalagens de presentes, de lanches, trufas, chocolates… e muitas outras ideias que estamos colocando em prática. Só gratidão”, afirma Ana Carolina.
Para a técnica social da Emater, Teodora Golonhesky, a ação tem reflexo direto na educação ambiental e na valorização da mulher rural. “O impacto ambiental é imediato, porque dá destino útil ao que seria descartado. E mais do que isso: fortalece a agricultura familiar, promove equidade de gênero e incentiva o cooperativismo.”
O curso de reciclagem de papelão promovido pela Emater na Região Metropolitana de Belém (RMB) tem quatro módulos e já foi levado a comunidades dos distritos de Mosqueiro e Salinópolis. Em cada território, mais do que ensinar técnicas, ele tem revelado histórias inspiradoras — como a de Ana Carolina, que já é símbolo de uma Belém mais sustentável e inclusiva.
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