Diretor da TV Cultura deixa o órgão após denúncias de assédio sexual

A imagem do pré-candidato do PT à prefeitura de Ananindeua passou a ser associada ao crime de assédio sexual denunciado por jornalistas que trabalham no órgão do governo estadual onde Miro Sanova é presidente.

Binho e Miro Sanova
Binho e Miro Sanova: Denúncias de assédio sexual derrubam diretor da FUNTELPA para proteger pré-candidato a prefeito de Ananindeua. Foto: Reprodução.

Acusado de assédio sexual contra várias mulheres nas dependências da TV Cultura, o então diretor afastado da TV estatal, Hilbert Nascimento, mais conhecido como Binho, anunciou nesta terça-feira (2) sua saída do órgão.

A portaria de exoneração foi publicada no Diário Oficial do Estado. No lugar de Binho, assume o atual chefe de gabinete do presidente da FUNTELPA, André Márcio Souza Neri, indicado por Miro Sanova para a dirertoria Administrativa-financeira.

PASSANDO PANO

Segundo informações do Estado do Pará Online, a decisão ocorreu após mais de um mês em que o caso veio à tona e começou a prejudicar a imagem do ex-deputado Miro Sanova (PT), atual presidente da Funtelpa e candidato apoiado pelo governo do Estado à prefeitura de Ananindeua. Miro resistiu o quanto pôde para evitar a exoneração de Binho, que foi indicado para a Funtelpa ainda no primeiro mandato do governador Helder Barbalho (MDB), mas a reputação de Miro estaria sendo manchada por supostamente “passar pano para um assediador”.

O portal Estado do Pará On-line noticiou que o Sindicato dos Jornalistas (Sinjor) havia protocolado um ofício, em fevereiro, junto à Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa), solicitando informações sobre as medidas adotadas em relação à denúncia de abuso sexual contra trabalhadoras da instituição, supostamente cometida pelo diretor da TV Cultura e diretor administrativo-financeiro da fundação, Hilbert Nascimento.

O sindicato reivindica apoio e acompanhamento às possíveis vítimas dos casos de assédio, ressaltando que o assédio sexual é crime e reafirmando seu compromisso contra qualquer assediador. Além disso, demanda que a Funtelpa promova campanhas contra todos os tipos de assédio na instituição.

De acordo com o Código Penal (art. 216-A), o assédio sexual é caracterizado como “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.

A Funtelpa estabeleceu uma comissão interna de investigação, que tem realizado audiências com vítimas e testemunhas dos supostos abusos cometidos por Binho Nascimento, ao passo que o Sinjor também instaurou uma comissão para apurar os casos.

Foi solicitado esclarecimentos tanto ao Sinjor quanto à Funtelpa sobre a possibilidade de Binho Nascimento enfrentar consequências criminais pelas denúncias. Esperamos pelo posicionamento de ambas as instituições.

Cabe destacar que, conforme o Código Penal (art. 216-A), o assédio sexual é passível de pena de detenção, variando de um a dois anos. A omissão sobre medidas adotadas contra o crime também é passível de responsabilização por parte dos envolvidos.

Prezados (as) Colegas de Trabalho,

Venho por meio deste, comunicar a todos que o meu ciclo na Funtelpa chega ao fim.

Gostaria de agradecer a todos pelo período que trabalhamos juntos.

Desejo pleno êxito a todos e que continuem na busca do crescimento e valorização da comunicação pública no estado do Pará.

Recebam o meu abraço.

Hilbert Nascimento.

Leia a nota do Sinjor:

O Sindicato dos Jornalistas no Estado do Pará (SINJOR-PA) recebeu de maneira positiva o afastamento do ex-presidente da Funtelpa, Hilbert Nascimento, divulgado nesta terça-feira, dia 2, após denúncias de assédio moral e sexual. Desde o início da divulgação dos casos, o SINJOR tem acompanhado e pressionado a gestão estadual para que a medida fosse tomada com o intuito de resguardar as vítimas e colaborar com uma investigação rigorosa sobre as acusações.

O Sindicato continua acompanhando os desdobramentos da investigação que ainda está em andamento. A assessoria jurídica do SINJOR-PA ouviu as vítimas em sigilo e está prestando todo suporte necessário. O afastamento de Hilbert Nascimento é uma medida importante para demonstrar à sociedade que casos de assédio moral e sexual devem ser combatidos e repudiados por todos e todas.

Uma Comissão de Sindicância Investigativa foi criada na Funtelpa para apurar os casos. O SINJOR aguardará o parecer da Comissão com as possíveis penalidades para então avaliar com as vítimas outras ações.

O SINJOR-PA iniciou neste ano uma Campanha de Combate ao Assédio Moral e Sexual na imprensa e assessorias de comunicação do Pará. A entidade reforça a necessidade das vítimas formalizarem denúncia nos departamentos de Recursos Humanos das empresas e informarem as situações ao sindicato, que disponibiliza assessoria jurídica para as vítimas.

Assédio moral e sexual é crime, denuncie!

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