O vídeo “Adultização”, publicado pelo youtuber Felipe Bressanim, conhecido como Felca, reacendeu o debate sobre o impacto da tecnologia na infância e adolescência. Especialistas alertam que o uso excessivo de smartphones e outros dispositivos digitais pode comprometer o desenvolvimento físico, cognitivo e social dos menores.
Estudos apontam que a dependência de telas está relacionada ao aumento de transtornos mentais, como ansiedade, depressão e estresse. Nos Estados Unidos, pesquisa da Common Sense Media revelou que metade dos adolescentes se considera dependente do celular, índice em crescimento global.
Segundo o psicólogo Felipe Barata, do IDOMED, o vício se manifesta quando o indivíduo não consegue se desconectar do dispositivo, incorporando a tela ao cotidiano de forma compulsiva. “O uso excessivo funciona como refúgio ou escudo contra a socialização, ocupando o cérebro sem um propósito real”, explica.
Além dos efeitos psicológicos, o uso prolongado de telas pode causar problemas físicos, como má postura e dificuldades oftalmológicas, além de interferir no sono e gerar irritabilidade e fragmentação da atenção. Estratégias digitais, como cliffhangers em jogos e redes sociais, também aumentam a permanência diante das telas, tornando o vício ainda mais perigoso.
Outro ponto de atenção é a exposição precoce a conteúdos inadequados, incluindo violência, sexualidade precoce e fake news. A professora de Direito Claudine Rodembusch, da Estácio, reforça que, embora o Estatuto da Criança e do Adolescente não trate diretamente do ambiente digital, princípios constitucionais de proteção podem ser aplicados online. Ela destaca a necessidade urgente de novas normas jurídicas para proteger menores no ambiente virtual.
No Brasil, o governo federal lançou um guia para o uso saudável de telas na infância e adolescência, e tramita no Congresso o Projeto de Lei nº 2.628/2022, que regulamenta o acesso de crianças e adolescentes às redes sociais.
Barata enfatiza que a supervisão e a educação parental são essenciais. “Para crianças pequenas, recomenda-se monitoramento contínuo de celulares e computadores. Para adolescentes, o diálogo aberto é mais eficaz. A internet pode ser uma ferramenta poderosa de aprendizado e cultura, desde que usada com responsabilidade”, conclui.
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