Correios afundam em prejuízo e déficit em 2025 pode chegar a R$ 10 bilhões - Estado do Pará Online

Correios afundam em prejuízo e déficit em 2025 pode chegar a R$ 10 bilhões

Com rombo crescente, a estatal acelera reestruturação e aposta em cortes, vendas de ativos e demissões para tentar reequilibrar as contas.

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O alerta acendeu dentro dos Correios antes mesmo de o Governo Lula admitir que o problema era maior do que o previsto. No primeiro semestre de 2025, o prejuízo acumulado na estatal ultrapassou R$ 4 bilhões, e a projeção agora aponta para R$ 10 bilhões até dezembro, segundo comunicado interno enviado aos funcionários.

Enquanto as estimativas pioram, a cúpula da estatal antecipou um plano robusto de reestruturação. A proposta, aprovada no dia 19 de novembro, autoriza um novo programa de demissão voluntária, o fechamento de até 1 mil agências deficitárias e a venda de imóveis que podem render cerca de R$ 1,5 bilhão.

O movimento não surgiu do zero. O governo federal havia revisado, na semana anterior, a própria previsão de rombo para 2025. Internamente, a avaliação é de que a queda de receitas e o aumento dos custos, especialmente os operacionais, comprimiram a margem de sobrevivência da empresa.

Além dos cortes, o plano também prevê um empréstimo de até R$ 20 bilhões até o fim de novembro. A intenção é reduzir o déficit imediato, fechar 2026 com as contas equilibradas e voltar ao lucro em 2027.

Segundo os Correios, “diante do cenário de queda de receitas e aumento de custos operacionais, a reestruturação contempla três fases: recuperação financeira, consolidação e crescimento”.

As medidas incluem ainda a modernização do modelo operacional e da infraestrutura tecnológica, além de uma revisão no custeio do plano de saúde dos empregados. A estatal também admite buscar parcerias estratégicas e avalia operações de fusão ou aquisição para ganhar competitividade no médio prazo.

O processo de enxugamento vem desde o ano passado. Em 2024, o balanço já havia encerrado no vermelho: R$ 2,6 bilhões de prejuízo. Meses depois, um pacote emergencial introduziu um PDV, a redução de jornada para setores administrativos, a suspensão temporária das férias de 2025 e o fim do trabalho remoto.

A última edição do PDV teve 3,5 mil adesões, com economia estimada em R$ 750 milhões por ano. A nova proposta deve ampliar essa saída voluntária, especialmente diante do fechamento de unidades espalhadas pelo país.

A rede atual é extensa: são mais de 10 mil agências, 8 mil unidades operacionais, 23 mil veículos e 80 mil empregados atuando em todos os 5.568 municípios, além do Distrito Federal e Fernando de Noronha. Mesmo assim, a direção admite que a estrutura, nesse formato, se tornou financeiramente insustentável.

Apesar da crise, os Correios afirmam manter a prioridade na oferta de serviços essenciais, como distribuição de livros didáticos, provas do Enem e entrega de urnas eletrônicas em áreas de difícil acesso. Também seguem envolvidos em operações de emergência, como nas enchentes no Rio Grande do Sul e no apoio recente às famílias atingidas pelo tornado em Rio Bonito do Iguaçu (PR).

Mas, nos bastidores, a percepção dominante é de que a estatal enfrenta a fase mais delicada da história recente. A aposta agora é que o conjunto de ajustes permita que o prejuízo comece a cair já em 2026, antes que o buraco avance para níveis irreversíveis.

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