Centenário dos Abridores de Letras e sua História - Estado do Pará Online

Centenário dos Abridores de Letras na Amazônia ganha edição comemorativa do livro “Letras que Flutuam”

A obra reúne 20 anos de pesquisa de campo com mestres abridores e inaugura o calendário comemorativo do centenário

Crédito: Laiana Thiely

Há cem anos, cascos de barcos que navegam os rios da Amazônia exibem nomes e ornamentos pintados à mão por abridores de letras, uma tradição gráfica ribeirinha que se espalhou pelas calhas do Tocantins, do Amazonas e do Marajó. Em 2025, no centenário dessa prática, o livro Letras que Flutuam, principal estudo sobre o tema, ganha edição especial comemorativa.

O lançamento vai ocorrer no dia 31 de outubro, às 19h, na CAIXA Cultural Belém (Porto Futuro II), com entrada gratuita. A programação reúne bate-papo com a autora e mestres abridores, sessão de autógrafos e a estreia do espetáculo “Seu Monteiro e os Rios”, show inédito criado para marcar o centenário.

Publicado pela primeira vez em 2021, o livro sistematiza 20 anos de pesquisa etnográfica em cidades como Abaetetuba, Barcarena, Breves, Curralinho, Soure, Salvaterra, Igarapé-Miri e São Sebastião da Boa Vista. 

A obra foi finalista do Prêmio Jabuti 2022 nas categorias Artes, Capa e Projeto Gráfico, reconhecimento que impulsionou a circulação do estudo no Brasil. “O livro é memória viva. Muitos mestres morreram, alguns na pandemia. Esta edição é também um gesto de salvaguarda”, afirma a autora Fernanda Martins.

Música como documento

No lançamento, estreia o show “Seu Monteiro e os Rios”, com guitarrada, carimbó e matrizes afro-indígenas em diálogo com a iconografia fluvial documentada no livro. A formação reúne Seu Monteiro (guitarra e voz), Panzera (baixo) e Gustavo Paz (bateria), em repertório que parte da escuta ribeirinha, marés, confluências, remos e rádios de barranco.

O projeto conecta-se ao Instituto Letras que Flutuam, criado em 2024, o primeiro do país dedicado à cultura gráfica ribeirinha. O Instituto já mapeou mais de 130 abridores e conduz oficinas, filmes e programas de renda. Dos 2 mil exemplares da edição comemorativa, 200 serão doados a escolas públicas do Pará, acompanhados de um circuito formativo.

Em um ano em que Belém sedia a COP30, o lançamento se insere no debate sobre futuro, clima e território.“Colocar essa conversa na escola é discutir narrativa: afirmar que a Amazônia produz forma, memória e linguagem, não só florestas e conflitos”, diz Fernanda.

Serviço

Lançamento da edição especial de “Letras que Flutuam”
Quando: 31 de outubro de 2025 (sexta), 19h
Onde: CAIXA Cultural Belém — Porto Futuro
Entrada: gratuita
Realização: Instituto Letras que Flutuam

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