A liberação do motorista de aplicativo que confessou ter matado a jovem trans Ryana, de 18 anos, segue gerando repercussão nacional. O homem levou o corpo da vítima até a delegacia, relatou aos policiais o que havia ocorrido e, mesmo após assumir a agressão, não foi preso em flagrante. O procedimento chamou atenção de autoridades e movimentos de direitos humanos, que questionam a atuação policial.
A deputada federal Érika Hilton afirmou que a condução do caso revela “transfobia institucionalizada” dentro da estrutura do Estado. Segundo ela, o fato de um homem confessar o ato, apresentar o corpo da vítima e ainda assim deixar a delegacia em liberdade demonstra desigualdade de tratamento quando se trata de uma mulher trans. “Estou denunciando ao Ministério Público Estadual tanto o assassino quanto o delegado que liberou o suspeito”, disse.
Hilton também informou que enviou ofícios à Polícia Civil, à Secretaria de Segurança Pública e ao governo da Bahia cobrando esclarecimentos sobre os procedimentos adotados. Para a parlamentar, não há justificativa legal para que um homicídio confessado não resulte em prisão. Ela afirmou que, em qualquer outro contexto semelhante, a resposta policial seria diferente, ressaltando que a confissão não elimina flagrante.
“Confissão não afasta flagrante, assassinato é assassinato e, na nossa Lei, não existe vida humana que valha mais do que a outra. E uma pessoa capaz de matar não deve ser instantaneamente liberada. Mas Ryana era uma mulher trans”, disse a deputada.
A deputada também citou que o próprio agressor teria apresentado a motivação do crime ao afirmar que contratou a vítima para um programa e temia que o caso fosse exposto. Para Hilton, o fato de esse argumento ter sido considerado para liberar o suspeito reforça a negligência institucional. Ela defende a responsabilização do investigado e a apuração da conduta do delegado responsável pela ocorrência.
O caso segue em investigação. Grupos de defesa dos direitos LGBTQIA+, familiares e amigos de Ryana pedem que o crime seja enquadrado como feminicídio com motivação transfóbica.
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