Casa da Mulher Brasileira em Ananindeua vira palco de política, violando normas internas

A Casa funciona 24 horas por dia e tem regras rigorosas: festas e filmagens são proibidas, e a entrada de homens não é permitida. Mesmo assim, o deputado federal Antônio Doido (MDB), junto com uma comitiva de pré-candidatos, assessores e seguranças estiveram no local, causando indignação em servidores efetivos. O caso foi parar na polícia com a denúncia de ameaça e assédio moral.

Foto Reprodução / Redes Sociais

A Casa da Mulher Brasileira, política pública federal mas que opera sob gestão conjunta do município e do estado, está no centro de uma polêmica, após uma festa não autorizada e a presença de figuras políticas no local nesta quinta-feira (27). A denúncia foi feita por Brenda, servidora efetiva da instituição, que detalhou a situação à nossa redação.

Brenda explicou que a Casa é coordenada pela Dra. Lediany Atayde, representando o município, e pela Sra. Cleide Amorim, representando o estado. A competência técnica da Casa é responsabilidade do município, enquanto outros serviços são oferecidos pelo estado. Todos os funcionários seguem as regras do Ministério da Mulher, que prioriza o atendimento psicossocial de mulheres em situação de vulnerabilidade, com serviços acessórios como Defensoria Pública, Ministério Público e outros.

A Casa funciona 24 horas por dia e tem regras rigorosas: festas e filmagens são proibidas, e a entrada de homens não é permitida, exceto no caso de funcionários. No entanto, Suzi Baia, gerente administrativa, realizou uma festa no local, com música e a presença da coordenadora estadual.

Durante a festa, Brenda estava em seu escritório com a equipe de apoio psicossocial quando Suzi entrou, acompanhada pelo deputado federal e pré-candidato à prefeitura de Ananindeua Antônio Doido (MDB), o vereador Coronel Osmar (MDB), Carlito Begot, Coronel Machado, além de outros homens, incluindo assessores e seguranças, tirando fotos e cumprimentando todos.

A servidora observou toda a movimentação e, após a saída dos visitantes, indagou Suzi sobre a realização da reunião e das imagens feitas dentro da instituição. A reação de Suzi foi desproporcional, gritando que ela mandava no local e que Brenda não deveria falar com ela, tentando intimidá-la com a presença de um funcionário qu passou a segui-la por todos os locais.

A servidora sentiu-se ameaçada e coagida, além de relatar a prática de assédio moral.

Além disso, Brenda afirmou que Suzi utiliza o espaço para fazer política em detrimento das mulheres atendidas pela Casa, que não podem ser filmadas ou identificadas devido ao extremo risco de vida. A visita desta quinta feira (27) também não pode ser considerada visita institucional já que ocorreu após as 19h30.

Brenda, servidora pública do município há mais de 12 anos e diretora do sindicato dos servidores públicos de Ananindeua, registrou um boletim de ocorrência contra Suzi Baia, acusando-a de desrespeito, ameaça e assédio moral no exercício de suas funções, em conformidade com as regras do Ministério da Mulher. O caso pode parar no Ministério da Saúde, colocando em risco o cargo dos dirigentes envolvidos no ato e até mesmo uma medida mais drástica.

Histórico de Assédio

Não é a primeira vez que Suzi Baía é acusada de assédio moral. Em março de 2022, a imprensa noticiou que os funcionários da UPA Daniel Berg, no bairro do Icuí Guajará, em Ananindeua, denunciaram estar sofrendo assédio moral da diretora da unidade, Suzi Baía. Médicos, enfermeiros e técnicos se reuniram e levaram o caso ao Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa). Na época, um relatório de 13 páginas foi encaminhado à Sesau, contendo depoimentos de nove médicos plantonistas com escalas fixas (que compõem mais de 70% da escala fixa da unidade), cinco enfermeiros e dois técnicos.

“Com tantas vítimas procurando seus direitos e realizando denúncoias, as quais ganharam ampla divulgação, Suzi foi desligada de suas funções na Prefeitura de Ananindeua e voltou agora agindo politicamente contra a gestão municipal, por pura vigança, possivelmente por não ter tido apoio”, relatou uma fonte.

Procuramos Suzi Baia para pedir esclarecimentos, mas não conseguimos retorno.

Leia também: