Cadeira “vazia” no Enem em Belém viraliza e denuncia feminicídio - Estado do Pará Online

Cadeira “vazia” no Enem em Belém viraliza e denuncia feminicídio

Ação realizada pelo grupo Ser Educacional levou reflexão sobre violência de gênero aos candidatos no primeiro dia de provas

Foto: reprodução redes sociais

O primeiro dia de provas do Enem 2025, em Belém, realizado nesse domingo (30), rendeu um momento de reflexão inesperado para estudantes que fizeram o exame em uma universidade particular localizada na Avenida Alcindo Cacela, no bairro do Umarizal, na capital paraense. Ao chegarem às salas, alguns candidatos se depararam com cadeiras diferenciadas e carregadas de significado.

Diferentemente do mobiliário comum dos ambientes de prova, determinadas cadeiras estavam marcadas com adesivos vermelhos trazendo a mensagem: Esta cadeira está vazia pois uma mulher que poderia estar estudando foi vítima de feminicídio”.

Foto: reprodução redes sociais

A iniciativa rapidamente se tornou assunto entre os participantes e viralizou nas redes sociais. Houve quem acreditasse que as cadeiras fizessem parte de alguma ação oficial do Inep, responsável pelo Enem. No entanto, a intervenção faz parte de uma campanha do Grupo Ser Educacional, que administra a instituição onde o exame foi aplicado, a Unama Alcindo Cacela.

A reitora da IES, Betânia Fidalgo Arroyo, explicou a motivação da ação. “O combate a todos os tipos de violência contra mulheres cis e trans é uma política pública que nós, como corpo docente e universitário, temos a responsabilidade de conscientizar nossos alunos e apoiar quem já passou por situações de desrespeito. A Universidade da Amazônia entende que só é possível solucionar as barreiras sexistas colocando em prática o conhecimento acadêmico. E muitas mulheres não tiveram a oportunidade desse privilégio. Essas orientações precisam chegar nelas.”

A proposta, segundo a direção, é reforçar a discussão sobre feminicídio e lembrar que milhares de mulheres são impedidas de estudar, trabalhar e viver por conta da violência de gênero, uma realidade que também afeta o acesso à educação.

Espaço Seguro: atendimento especializado

Além da ação simbólica, a Unama mantém, desde dezembro passado, o Espaço Seguro, uma sala de atendimento multidisciplinar voltada a acolher mulheres vítimas de violência. O serviço funciona no Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) do campus Alcindo Cacela, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h.

A iniciativa reúne profissionais e estudantes dos cursos de Direito, Psicologia e Serviço Social, e atua em articulação com a rede de proteção às mulheres, tanto da esfera pública quanto da iniciativa privada. O espaço oferece apoio psicossocial, acolhimento, orientação jurídica e suporte para realização de depoimentos e procedimentos legais.

A universidade afirma que o objetivo é garantir um ponto de apoio acessível e humanizado para mulheres que enfrentam situações de violência, reforçando o compromisso da instituição com a prevenção e o enfrentamento ao feminicídio e outras agressões de gênero.

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