O Ministério da Saúde reafirmou a intenção de viabilizar no Brasil a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) de longa duração contra o HIV, baseada no medicamento lenacapavir, aplicado semestralmente. A iniciativa foi anunciada pelo ministro Alexandre Padilha durante evento no Dia Mundial de Luta contra a Aids, em Brasília, e mira a transferência de tecnologia para produção nacional do fármaco, que ainda não possui registro sanitário no país.
A proposta surge diante do interesse da pasta em ampliar o acesso a novas estratégias preventivas. O lenacapavir, desenvolvido pela Gilead, inauguraria um novo modelo de prevenção, substituindo o uso diário de comprimidos por uma aplicação a cada seis meses. Estudos clínicos apontaram alta eficiência do medicamento, mas o preço pedido pela farmacêutica é considerado impraticável para programas públicos, o que tem impedido a negociação com países de renda média, como o Brasil.
Carla Almeida, representante da Articulação Nacional de Luta contra a Aids, defendeu que, caso não haja avanço nas tratativas comerciais, o governo considere o licenciamento compulsório e a quebra de patente. Países latino-americanos ficaram de fora da versão genérica do medicamento anunciada para nações de baixa renda, enquanto nos Estados Unidos o produto foi registrado com custo superior a 28 mil dólares anuais por pessoa.
Desde 2023, o número de usuários da PrEP oral no Brasil cresceu mais de 150%, alcançando 140 mil pessoas. Paralelamente, o país expandiu a testagem, distribuiu autotestes e reforçou o acesso a terapias antirretrovirais, aproximando-se das metas globais 95-95-95 e reduzindo óbitos por aids de pouco mais de 10 mil em 2023 para 9,1 mil em 2024.
Esses indicadores sustentam a expectativa do governo de obter, ainda em dezembro, o reconhecimento da Organização Mundial da Saúde pela eliminação da transmissão vertical do HIV como problema de saúde pública, um marco já alcançado por Chile, Cuba e Canadá.
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