Beto Faro consolida hegemonia no PT-PA e define política de alianças com o MDB para 2026 - Estado do Pará Online

Beto Faro consolida hegemonia no PT-PA e define política de alianças com o MDB para 2026

Senador reúne quase metade dos votos do diretório estadual e garante maioria com apoio do grupo de Dirceu Ten Caten

Nunca o Partido dos Trabalhadores (PT) no Pará teve uma concentração de poder mas mãos de um único grupo político, neste momento liderado por Beto Faro, atual senador do partido e seu presidente do Diretório Estadual.

Tendo como método de decisão democrática a eleição interna para escolha de candidaturas e dirigentes partidários, o PT historicamente precisa antes de qualquer eleição, aprovar junto às instâncias internas. quem o representará nas urnas.

O grupo liderado pelo senador Beto Faro controla 35 dos 73 dirigentes que compõem o diretório estadual, o qual é instância partidária que decidirá a estratégia e a política de alianças do partido nas eleições de 2026. A força de Beto soma-se ao apoio de outros grupos internos do PT, como é o caso do liderado pelo deputado estadual Dirceu Ten Caten, que reúne cerca de 16 votos. Juntos, os dois blocos alcançam 51 dos 73 votos, o que representa quase 70% do total dos membros dirigentes do partido.Tal resultado garante maioria absoluta para Beto e seus aliados decidirem o rumo do partido.

Campo majoritário

O que é conhecido como campo majoritário do PT no Pará é formado por três grupos sob a liderança de Beto Faro, Dirceu Ten Caten e Paulo Rocha. Embora historicamente tenha funcionado como um espaço de cooperação entre essas lideranças, o grupo rachou. Se antes o deputado federal por cinco mandatos e um de senador, Paulo Rocha, era quem dava as cartas, hoje é Beto Faro quem passou a exercer predominância quase plena, concentrando a maioria do diretório estadual e reduzindo o peso das demais correntes internas. Essa nova configuração confere ao senador maior influência sobre as decisões políticas e estratégicas do partido, incluindo a definição das alianças eleitorais para 2026.

Política pragmática

De perfil pragmático, Beto Faro consolidou sua liderança a partir do interior do estado, articulando alianças amplas e, muitas vezes, destoando da política de alianças do PT, acusado pelas alas mais ideológicas de “coligar e aliar-se até com a direita”.

Desde os primeiros mandatos, Beto adotou uma política voltada a resultados, priorizando apoios locais e eleitorais, em detrimento de alinhamentos partidários restritos. Essa estratégia fortaleceu não apenas sua posição política, mas também sua base familiar: sua esposa, Dilvanda Faro, é deputada federal, e o filho, Everaldo Faro, é vice-prefeito de Acará, na região nordeste do Pará, sendo alçado a também disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados, em 2026.

Efeitos políticos

Analistas avaliam que, para partidos que hoje dominam o cenário estadual, como MDB e PSB, a hegemonia de Beto Faro no PT é conveniente. Um partido pacificado e previsível reduz o risco de candidaturas próprias que possam fragmentar a base governista. Na prática, o controle do diretório garante ao grupo de Beto Faro a capacidade de alinhar o PT às estratégias do governo estadual e de preservar espaços administrativos já conquistados em secretarias e prefeituras.

Nos bastidores, circula a informação de que, nas últimas eleições municipais, quadros ligados ao grupo de Beto Faro teriam apoiado candidaturas fora da linha oficial do partido, entre elas, a do atual prefeito de Belém, Igor Normando (MDB) em Belém, contrariando a coligação aprovada com o PSOL de Edmilson Rodrigues. O episódio reforça a percepção de que, atualmente, a política de alianças do PT no Pará é conduzida menos por resoluções coletivas e mais pelo pragmatismo e pelo controle do partido.

2026 e o alinhamento com Hanna

A correlação de forças indica que o PT tende a apoiar a candidatura de Hana Ghassan (MDB) ao governo do Estado em 2026, consolidando o alinhamento com o grupo político do governador Helder Barbalho (MDB). Para o grupo de Faro, o cálculo é pragmático e objetivo: garantir a permanência do PT no núcleo do poder estadual, ainda que ao custo de reduzir sua autonomia política. Resta saber se esse cálculo garantirá o fortalecimento para o futuro pós-Helder e suas consequências na base partidária, que já sente um distanciamento dos dirigentes cada vez mais elitizados e sem interlocução com movimentos sociais e núcleos de base, quase extintos diante do que o partido se tornou.

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