O enfrentamento ao capacitismo e a busca por uma cidade mais acessível deram o tom do congresso “Amazônia para Todos: Caminhos Inclusivos”, realizado no Hangar, em Belém, nos dias 21 e 22 de dezembro. O evento colocou em pauta temas como autonomia, cidadania e participação social das pessoas com deficiência.
A programação reuniu pesquisadores, representantes da sociedade civil, estudantes e profissionais de diferentes áreas, criando um espaço de troca sobre inclusão no trabalho, na saúde, na educação e na mobilidade urbana. As discussões foram organizadas em eixos temáticos, com foco na construção de políticas públicas mais eficazes.
Um dos momentos de maior destaque foi a conferência de abertura com Ivan Baron, ativista reconhecido nacionalmente. Com paralisia cerebral, ele se tornou referência no combate ao capacitismo ao levar informação acessível para milhões de pessoas nas redes sociais, ampliando o alcance do debate para além dos espaços acadêmicos.
No segundo dia, o congresso aprofundou reflexões sobre acolhimento na saúde, condutas adequadas e acessibilidade atitudinal. A coordenadora geral do evento, Dahis Gamalier, explicou que a proposta foi ir além das estruturas físicas.
“É muito importante a gente falar sobre acessibilidade arquitetônica, como ter uma rampa, ter um piso tátil, mas debater a acessibilidade atitudinal, que refere-se a pessoas, sobre como pessoas interpretam e encaram a deficiência, seja a sua ou a dos outros, também é muito importante para que a gente possa transpor essas barreiras e consiga construir uma sociedade mais inclusiva”.
Para Leandro Lima, coordenador adjunto da Aliança Nacional LGBTI+ (Área Nacional Pessoas com Deficiência), o congresso ajudou a romper com a invisibilidade histórica enfrentada por esse público.
“Para mim, inclusão também é encontro. A partir do momento que você encontra o outro, que você escuta e visibiliza esse outro, faz com que ele se sinta realmente representado”.
Leandro também destacou o caráter gratuito do evento e a presença ativa de pessoas com deficiência como protagonistas do debate. “No momento em que a própria população com deficiência começa a ter direito de estar nesses espaços e ter conhecimento do que é colocado, do que é escutado, para mim isso não tem preço”, completa.
Além das mesas e palestras, o congresso contou com apresentações culturais inclusivas, como a da Companhia de Dança Ne&Ra, formada por pessoas com deficiência, integrantes da comunidade LGBTQI+ e pessoas idosas, reforçando a diversidade também no campo artístico.
Embora esta tenha sido a primeira edição, a proposta é dar continuidade à iniciativa. A titular da Secretaria Municipal de Inclusão e Acessibilidade, Paloma Mandes, afirmou que a agenda de capacitação profissional e formação continuada deve seguir ao longo da gestão, como base para a implementação de políticas públicas mais inclusivas em Belém.











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