Belém possui quase 400 áreas com riscos de inundação e erosão, aponta mapeamento da UFRA

Plano inédito detalha os locais mais vulneráveis da capital paraense e aponta soluções urgentes para prevenir novos desastres ambientais

Júlia Marques

Após 15 meses de trabalho, a Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) apresentou os resultados finais do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) de Belém. O estudo revelou que a cidade tem 301 áreas com risco de inundação e outras 88 com risco de erosão, sobretudo nas regiões insulares como Combu, Outeiro, Cotijuba e Mosqueiro.

O mapeamento envolveu 37 bairros e classificou os riscos em três níveis: médio, alto e muito alto. Cinco bairros foram destacados como prioritários para ações do poder público: Tapanã, Curió-Utinga, Paracuri, Terra Firme e São João do Outeiro.

“Mesmo antes das mudanças climáticas isso já era urgente, pois historicamente Belém tem problemas com inundação e erosão costeira. É um instrumento que a prefeitura pode usar não só pra planejar, mas para efetivamente agir e tentar reduzir o risco nessas áreas”, explica a professora Milena Andrade, coordenadora do projeto.

A cidade enfrenta dois tipos principais de ameaça: inundações causadas pelo transbordamento dos rios e erosões em áreas costeiras. “São processos distintos, já que a inundação está relacionada ao transbordamento dos rios e a erosão costeira está relacionada à áreas específicas das ilhas onde você encontra habitações que estão perto de áreas que podem colapsar”, completa Milena.

Boa parte dessas áreas está em regiões de baixa altitude, entre 0 e 4 metros acima do nível do mar, com infraestrutura deficiente. A situação se agrava com as chuvas intensas e as marés altas, comuns durante o chamado “inverno amazônico”.

O PMRR também apresenta propostas de obras estruturais, como drenagem, canalização, dragagem e recomposição vegetal. Pelo menos 31 bairros receberam indicações de ações com base no custo estimado pelo sistema Sinapi da Caixa Econômica Federal.

É o tipo de intervenção que a gente propõe, a manutenção de estruturas que já existem, como a macrodrenagem. O processo de limpeza periódica dessas estruturas precisa estar na agenda do município, porque elas foram criadas para essa finalidade”, ressalta Milena.

Além do relatório técnico, o plano entregou cartilhas, folders e glossários educativos, que serão apresentados em audiência pública nesta quarta-feira (18), das 8h às 13h, no auditório da Biblioteca Central da Ufra. Lideranças comunitárias e órgãos como Defesa Civil e Semma também participam do encontro.

O documento será encaminhado à Defesa Civil de Belém e poderá servir de base para captação de recursos e execução de obras nas áreas de maior vulnerabilidade.

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