Cuidar da saúde íntima ainda é um desafio para muitas mulheres, seja pela rotina intensa, pela falta de informação ou pelo receio de exames ginecológicos. Diante desse cenário, o fortalecimento das estratégias de prevenção segue como um dos caminhos mais eficazes para reduzir doenças evitáveis e salvar vidas.
A partir dessa perspectiva, a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma)rede municipal de saúde passou a ofertar um novo exame preventivo para mulheres entre 30 e 49 anos: o teste molecular DNA-HPV. A tecnologia, incorporada ao Sistema Único de Saúde, permite identificar a presença do vírus HPV com maior precisão e antecedência em relação ao método tradicional. O atendimento ocorre, neste primeiro momento, em unidades básicas localizadas nos bairros Terra Firme, Guamá, Jurunas, Cremação, Condor e na Ilha do Combu, todos pertencentes ao distrito Dagua. A prioridade são mulheres que nunca realizaram o preventivo ou que estão com o exame em atraso.
Para viabilizar a implantação inicial, foram distribuídos mil kits de coleta entre as seis unidades. Parte desse material foi destinada à Ilha do Combu, onde o novo protocolo foi apresentado oficialmente e onde o atendimento já começou a ganhar adesão. Moradoras da região ribeirinha relataram alívio ao terem acesso a um exame que pode apontar alterações anos antes do desenvolvimento de um câncer, permitindo acompanhamento e tratamento com mais tranquilidade.
O engajamento das mulheres da ilha tem sido apontado como um indicativo positivo para alcançar a meta internacional de eliminação do câncer do colo do útero até 2030. A atuação das agentes comunitárias de saúde tem papel central nesse processo, ao orientar, esclarecer dúvidas e encaminhar as moradoras para a realização do teste. A confiança construída no dia a dia tem refletido na procura espontânea pelo serviço.
Belém se destaca nacionalmente ao ser a primeira capital brasileira a implantar o teste molecular DNA-HPV na atenção básica. O exame detecta os tipos de HPV associados ao maior risco de evolução para câncer, especialmente os subtipos 16 e 18. Diferente do Papanicolau, que deve ser realizado anualmente, o novo teste pode ser repetido a cada cinco anos quando o resultado é negativo, o que reduz procedimentos desnecessários e otimiza o acompanhamento das pacientes.
Quando o resultado indica a presença do vírus, o encaminhamento é ágil. As amostras são analisadas pelo Instituto Evandro Chagas, responsável pela liberação dos laudos e pelo suporte diagnóstico, garantindo rapidez na definição da conduta clínica.
Apesar da novidade, o exame preventivo tradicional continua disponível e sendo recomendado para mulheres fora da faixa etária contemplada pelo DNA-HPV. A expansão do novo teste para outras unidades de saúde da capital ocorrerá de forma gradual, conforme a disponibilidade de kits e a organização da rede.
Os resultados do exame molecular podem ser liberados em até 30 dias, com possibilidade de prazos menores dependendo da demanda do laboratório. Para a coleta, algumas orientações devem ser seguidas: a mulher não deve estar menstruada, nem ter mantido relação sexual nas 48 horas anteriores, além de evitar o uso de cremes ou produtos vaginais. No dia do exame, a higiene íntima pode ser feita normalmente. É necessário apresentar documento de identidade, CPF, cartão do SUS e comprovante de residência.
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