Ato em Santarém denuncia impactos da Hidrovia do Tapajós no Dia Mundial da Água - Estado do Pará Online

Ato em Santarém denuncia impactos da Hidrovia do Tapajós no Dia Mundial da Água

A mobilização começará às 17h, no dia 22, com concentração na Praça da Vera Paz, no bairro Laguinho, e seguirá em caminhada até a Praça Tiradentes.

No próximo dia 22 de março de 2025, Santarém será palco de um importante ato em defesa dos recursos hídricos da região oeste do Pará, com ênfase na preservação do Rio Tapajós, que sofre com a pressão do agronegócio. O evento, intitulado “Em Defesa das Nossas Águas”, visa alertar a população sobre os impactos da degradação ambiental, especialmente as obras irregulares da hidrovia do Tapajós, e ocorre no Dia Mundial da Água.

A mobilização começará às 17h, com concentração na Praça da Vera Paz, no bairro Laguinho, e seguirá em caminhada até a Praça Tiradentes. Durante o percurso, haverá manifestações culturais, performances e falas de representantes de movimentos sociais e diversos segmentos da sociedade, abordando a crise da água, as consequências das secas e cheias, e os impactos da falta de acesso à água nos bairros da cidade.

Alice Matos, integrante do Movimento Tapajós Vivo, destaca que “defender as águas do Tapajós é uma luta diária”, reforçando que a crise hídrica já é uma realidade, com secas extremas e a falta de acesso à água em várias comunidades. Ela enfatiza a importância de proteger os rios e igarapés antes que os danos sejam irreversíveis.

A luta pela preservação do Rio Tapajós se intensifica diante dos projetos de infraestrutura que ameaçam o equilíbrio ecológico da região e a segurança dos povos tradicionais que dependem do rio. Um dos projetos mais controversos é a Ferrogrão, ferrovia que aumentará o escoamento de grãos pelo Tapajós, gerando impactos significativos, como a intensificação do tráfego fluvial e o risco de degradação ambiental. Estudo técnico do Grupo de Trabalho Infraestrutura e Justiça Socioambiental (GT Infra) aponta os riscos para a pesca, o acesso a recursos naturais e a vida das comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas, como os Munduruku, Apiaká e Kumaruara.

O estudo também alerta que a expansão logística no Tapajós pode provocar erosão nas margens do rio, ameaçando sítios arqueológicos e locais sagrados dos povos indígenas. A crise climática, evidenciada pela seca histórica de 2023-2024, agrava ainda mais essa situação. A Ferrogrão, segundo os especialistas, pode exigir a dragagem do rio, o que teria sérios impactos nos ecossistemas aquáticos e na disponibilidade de água para a população local.

A denúncia da mobilização também inclui a dragagem irregular do Rio Tapajós, autorizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas), sem a realização de estudos ambientais e consulta prévia às comunidades indígenas e tradicionais. A medida, solicitada pelo DNIT, visa facilitar a navegação de barcaças de agronegócio, contrariando a Recomendação do Ministério Público Federal e uma decisão judicial que exigia a consulta prévia às comunidades afetadas.

O evento será encerrado na Praça Tiradentes, com uma apresentação teatral abordando a relação da cidade com a água e os desafios enfrentados pelas comunidades. A programação cultural contará com apresentações musicais de As Karuana, Livaldo Sarmento e Caldo de Piranha.

Serviço:

  • Ato “Em Defesa das Nossas Águas” – Dia Mundial da Água
  • Data: 22 de março (sábado)
  • Horário: 17h
  • Local: Praça da Vera Paz – Laguinho

Leia também: