Enquanto recebe investimentos da ordem de R$ 450 milhões para ampliar sua capacidade e modernizar sua estrutura, o Aeroporto Internacional de Belém vive um contraste: por um lado, a promessa de um terminal preparado para a COP30; por outro, passageiros locais criticam a precariedade e desigualdade no acesso aos serviços.
Desde 2024, o aeroporto tem registrado alta significativa na movimentação. Apenas entre janeiro e maio deste ano, foram mais de 1,5 milhão de passageiros, um crescimento de quase 12% em relação ao mesmo período de 2023. O terminal também superou o recorde de movimentação para o mês de maio e vem recebendo novos voos, incluindo frequências extras da TAP para Lisboa e reforço da Azul para Confins.
Em paralelo ao aumento da demanda, estão em curso as obras da Fase 1-B do contrato de concessão. A ampliação do terminal, a criação de novos mezaninos, a modernização do sistema elétrico e a construção de nova praça de alimentação fazem parte do pacote. A previsão de conclusão é para 2025, antes da COP30.
Modernização do Aeroporto de Belém
Um dos principais destaques anunciados neste processo é a instalação de duas novas salas VIP operadas pelo W Premium Group. A sala internacional foi inaugurada em junho e a doméstica deve ser entregue em setembro. Com aumento de 400% na capacidade de atendimento e foco no público premium, os espaços incluem duchas privativas, sala de reuniões e lanches à vontade. O acesso, no entanto, é restrito a passageiros com cartões e convênios específicos.
Entre elogios à infraestrutura e críticas à exclusividade, os comentários nas redes sociais refletem o sentimento ambíguo dos paraenses. “Queremos um aeroporto VIP, não só uma sala”, escreveu uma internauta. Outros apontaram ausência de fraldários e manutenção precária em áreas comuns. “Tratam super bem os de fora, porém os que moram aqui sofrem”, comentou outro usuário. As reações foram registradas no perfil do EPOL, após a publicação da reportagem sobre a sala VIP.
Diferente da Sinart, empresa que administra a rodoviária de Belém e ignorou os questionamentos da equipe, a Norte da Amazônia Airports (NOA), atual responsável pelo aeroporto, respondeu às perguntas da reportagem e destacou o compromisso com a entrega das obras até a COP30.
Na nota enviada ao EPOL, a NOA detalha que a modernização do aeroporto vai além do terminal de passageiros e inclui intervenções estruturais em todo o sistema operacional. Entre elas, estão a construção de um novo pátio de aeronaves, a restauração da pista de pouso e decolagem, e a modernização dos sistemas de balizamento e sinalização, com destaque para a implantação de PAPI nas cabeceiras 20 e 24 e atualização do ALS na cabeceira 06.
Segundo a concessionária, o objetivo é elevar os padrões de segurança, eficiência e conforto, ao mesmo tempo em que o aeroporto se qualifica para atrair novos voos e empresas. As obras iniciadas no segundo semestre de 2024 integram a Fase 1-B do contrato de concessão e são financiadas com recursos próprios da empresa, totalizando os R$ 450 milhões em investimentos.
“Estamos modernizando todos os setores do aeroporto para atender à crescente demanda e oferecer conforto e segurança à população”, afirmou Marco Migliorini, presidente da NOA.
Durante a COP30, a malha aérea também será ampliada. O número de assentos passará de 199 mil para mais de 245 mil em voos domésticos, um crescimento de 23%. Já a quantidade de voos internacionais sairá de 22 para 31. A medida, segundo o Ministério do Turismo, busca garantir a mobilidade durante a conferência e fortalecer o turismo no Pará.
A série Partiu, Belém continua no dia 8 de agosto com o terceiro episódio, que abordará os terminais hidroviários. As reportagens são publicadas sempre às 18h no portal e nas redes sociais do Estado do Pará Online.
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