Senador Zequinha Marinho (PODEMOS) enviou dinheiro para ocupação de indígenas na SEDUC, acusa liderança

Para os indígenas ouvidos pela reportagem, o apoio do senador à ocupação da SEDUC seria uma tentativa de enfraquecer o governo estadual e promover interesses políticos ligados a setores historicamente envolvidos em conflitos fundiários e ambientais na região.

Zequinha Marinho e Auricélia Arapiun
A líder indígena Auricélia Arapiun acusa o senador Zequinha Marinho de enviar dinheiro para supostamente patrocinar a manutenção da ocupação da SEDUC pelos manifestantes indígenas e educadores do SOME.

Uma importante liderança indígena do Pará acusou o senador Zequinha Marinho (PODEMOS) de ter enviado dinheiro para a manutenção da ocupação da SEDUC. A denúncia foi feita por Auricélia Arapiun, presidenta do Conselho Deliberativo da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira, em reunião com a ministra Sonia Guajajara.

A ministra
ouviu atentamente a denúncia feita em reunião na tarde desta segunda-feira (27), na SEDUC, onde estão os manifestantes indígenas que reivindicam a revogação da lei total da Lei Estadual 10.820/2024, que trouxe alterações para o cotidiano da educação indígena, quilombola e do campo, provocando forte resistência das comunidades e dos educadores nelas envolvidas, sobretudo por conta da conversão de aulas presenciais em virtuais.

A manifestação em curso reúne grupos contrários a um projeto de lei enviado pelo governador Helder Barbalho (MDB) à Assembleia Legislativa do Pará (ALEPA). O projeto, segundo o governo, busca modernizar a gestão educacional no estado, mas críticos afirmam que ele ameaça direitos e estruturas educacionais, especialmente em áreas vulneráveis.

A denúncia contra a iniciativa atribuída ao senador Zequinha Marinho soma-se a uma série de críticas de lideranças indígenas, quilombolas e pequenos produtores rurais que o parlamentar enfrenta há anos, relacionadas ao suposto apoio a garimpeiros, madeireiros e grileiros que operam ilegalmente na Amazônia paraense.

Não é de hoje que o senador Zequinha Marinho também é acusado por organizações ambientais de sempre estar diretamente envolvido no apoio a grupos que atuam ilegalmente em terras indígenas e áreas de proteção ambiental no Pará e na Amazônia.

Politicagem usando a causa indígena

Para os indígenas ouvidos pela reportagem, o apoio do senador à ocupação da SEDUC seria uma tentativa de enfraquecer o governo estadual e promover interesses políticos ligados a setores historicamente envolvidos em conflitos fundiários e ambientais na região. “Não vamos aceitar que usem a nossa luta para a politicagem. Sabemos quem sempre esteve do lado de quem nos oprime”, desabafou uma das fontes do movimento de ocupação indígena.

O senador tem sido apontado por organizações ambientalistas e lideranças indígenas como defensor de políticas que beneficiam atividades predatórias, como o garimpo ilegal em territórios indígenas, o desmatamento e a grilagem de terras públicas.

Apesar disso, Marinho se posiciona publicamente como defensor do desenvolvimento econômico da região e afirma representar os interesses de pequenos produtores rurais. Em entrevistas anteriores, ele tem negado envolvimento direto com atividades ilícitas e criticado o que chama de “criminalização” de garimpeiros e madeireiros.

“Esse tipo de apoio explícito a invasores de terras indígenas e agora a movimentos que têm interesses políticos escusos é um retrocesso para nossa luta. Zequinha Marinho está alinhado com grupos que vivem da exploração ilegal da Amazônia”, declarou outra liderança indígena em entrevista à redação do EPOL.

A redação do EPOL entrou em contato com o senador Zequinha Marinho e sua assessoria. Em nota, o parlamentar reafirmou seu compromisso com os direitos dos povos indígenas e negou ter enviado recursos para apoiar ocupações ou movimentos, classificando a acusação como falsa. O senador destacou que seu mandato é pautado pelo diálogo transparente e pela busca de soluções para as demandas indígenas, especialmente nas áreas de educação, saúde e proteção territorial. Além disso, reforçou a defesa de atividades econômicas realizadas dentro da legalidade, com respeito ao meio ambiente e às comunidades locais.

O governo do Pará também foi consultado e aguardamos um posicionamento.

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